Blog Show- Recordando Audiências

Hoje a coluna "Recordando Audiências" relembra a gigantesca audiência que o programa Ratinho Livre conquistou no horário nobre da Record

Avanço do apresentador põe no lixo a qualidade do horário nobre

Se a Rede Globo não armar, urgente, uma boa ratoeira, vai faltar queijo no seu horário nobre. O apresentador Carlos Massa, o Ratinho, tem conseguido roer a concorrência. Na quinta-feira, seu programa Ratinho livre, atingiu picos de 36 pontos. E com a média de 26%, derrubou a Globo, que ficou nos 24%. A Record ficou em primeiro lugar no Ibope entre 20h50 e 23h55.

Nesta mesma faixa de horário, a Globo exibia o finalzinho da novela Por amor e, na seqüência, tirou do ar a série Plantão médico e tirou do baú uma reapresentação do Som Brasil com grupos baianos. Correndo por fora, o SBT apresentava o Márcia, que também sofreu o efeito do roedor: de 17 pontos de média que costumava alcançar, a atração caiu para 8 pontos. Ratinho comemora e dá sua versão para a inversão: “Faltam melhores opções para público, tanto na Globo, quanto nas outras emissoras.” De fato, a qualidade da programação noturna às quintas-feiras desaba para o mau-gosto, numa guerra de baixaria que, agora, supera a batalha dos domingos.

É com gente mutilada e barracos familiares que a audiência do Ratinho livre vem subindo. Anteontem, por exemplo, os números emergiram na esteira de uma entrevista com um homem que violentou, cegou e cortou a pontas das orelhas da mulher. O apresentador gravou entrevista com o sujeito, preso em Coxim, Mato Grosso do Sul, e exibiu em seu programa. Simultaneamente, no palco, estava a vítima. O caso mereceu a intervenção do ministro da Justiça, Íris Resende. No começo da semana, o ministro participou do Ratinho livre, de Brasília, garantindo a prisão do criminoso. Para uma produção popular e massacrada pela crítica, a participação foi festejada.

A Rede Globo anda alterando sua grade de programação, sentindo os efeitos devastadores de Ratinho. A exibição da novela Por amor tem sido esticada, diariamente, em 20 minutos. Às quintas, depois de tirar Plantão médico do ar e usar a reprise do Som Brasil, já anunciou que reapresentará, na próxima semana, o Especial Roberto Carlos de fim de ano.

Este tem sido o dia mais delicado para a, até então, líder de audiência. O horário de 21h45 às 23h50 está reservado ao campeonato paulista de futebol, exibido pela Record. Com a ausência de jogos, o Ratinho livre tem se estendido em duas horas. “A Globo vai continuar levando pau”, avalia Ratinho, usando seu bordão característico. E promete mais absurdos: “Na próxima quinta vou abrir a barriga de um homem no palco.”

Procurado pelo JB, o diretor de programação da Globo, Roberto Buzzoni, não foi encontrado. O diretor executivo, Daniel Filho (responsável pela faixa da noite), também procurado, não quis falar sobre o assunto. A única versão da Globo para o êxito de Ratinho veio da assessoria de comunicação, que alegou um problema na medição do Ibope em São Paulo, devido à falta de luz. O diretor comercial do Ibope, Flávio Ferrari, desconhece o problema: “Alguns bairros ficaram sem luz mas isso não alterou a realidade dos dados.”

O diretor de Controle de Qualidade da Rede Globo, Mauro Borja Lopes, o Borjalo – que já há algum tempo vem profetizando a popularização da TV – acha que o circo bizarro do Ratinho não terá mais fim. “Os três principais canais de TV aberta dos Estados Unidos têm Ratinhos. Só que eles são advogados e usam paletó e gravata. Lá, o tribunal de pequenas causas passou a ser a TV.” Segundo Borjalo, a Globo tem um trunfo para lidar com a baixaria do horário nobre: as novelas. “Por enquanto elas ainda são imbatíveis. E a Globo pode até criar um quarto horário de novelas, como já fez”, diz.