Mesmo com 20 anos de carreira, Heloísa Périssé não esconde que ainda sente um “frio na barriga” com o início de um novo trabalho. Essa ansiedade se acentua agora, quando a atriz embarca em sua primeira novela: “Cama de Gato”, nova trama das seis da Globo. “Fico preocupada porque todo trabalho é um novo trabalho. Mesmo que seja parecido com alguma coisa que você já fez, é diferente”, admite.
Ela, que interpreta a “barraqueira” Taís, também tem motivos para se sentir à vontade. Afinal, sua personagem é bem próxima de outros papéis que já viveu na TV e no teatro. “É comédia total. A Taís é bastante alegre. Tem a minha cara e de tudo que sempre fiz”, constata Heloísa, que fez sucesso na pele da adolescente Tati, com a peça “Cócegas” e no humorístico “Sob Nova Direção”, onde contracenou com a amiga Ingrid Guimarães.
Apesar da veia cômica, Taís, que trabalha como faxineira, vai viver momentos de romance e até mesmo de drama na história. “Ela é humana. O fato de ela ter cenas de amor foi uma das coisas que mais me seduziram. Além disso, posso mostrar um outro lado e não ficar só na comédia”, analisa. A personagem, melhor amiga de Rose (Camila Pitanga) é apaixonada por Bené (Marcelo Novaes), com quem tem um filho. Mas prefere namorar Sólon (Daniel Boaventura) por acreditar que ele é rico.
“Ela fala que não quer mais esses ‘BR’ daqui, ou seja, que não quer mais os ‘baixa renda’. A Taís quer os caras que têm dinheiro”, explica Heloísa, que já tinha vontade de interpretar um papel como esse. “Sempre desejei fazer uma personagem que tivesse uma mega autoestima, que encara qualquer coisa. Ela é ”poderosérrima’”, comemora.
Preocupada em se renovar a cada trabalho, Heloísa conquistou o público com seus papéis de humor. Logo em sua estreia na TV, em 1990, a atriz pôde mostrar, na “Escolinha do Professor Raimundo”, da Globo, sua mais famosa personagem, a adolescente Tati, que, em 2002, ganhou um quadro no “Fantástico”. “É um grande papel. Fui chamada para fazer muitas outras coisas por causa dela”, conta.
Apesar de ser mais do que familiarizada com a comédia, Heloísa ainda pretende aumentar bastante seu leque de personagens. “Quero fazer uma vilã, papéis dramáticos no teatro, quero fazer um monólogo e muitos filmes”, planeja ela, que viveu a Malu do “Zorra Total” e a Belinha de “Sob Nova Direção”, entre outros.
Sua personagem em “Cama de Gato” tem uma veia cômica acentuada, mas ela também é uma mulher alegre, otimista e apaixonada por Bené (Marcelo Novaes). Como foi o processo de composição?
Não me inspirei em ninguém, mas observei o comportamento de várias pessoas que conheci. A Taís, por ter um lado cômico muito forte, é muito despachada e “barraqueira”. Não foi difícil.
A Taís é extravagante na maneira de se vestir. Como a caracterização e o figurino te ajudam a incorporar melhor a personagem?
Ajudam completamente. A Taís é bem “tchutchuca”, gosta de roupa colada, calças com brilho. Ela não se veste de qualquer forma; ela pensa para se vestir e sai o que sai. A personagem usa um bracelete e um anel que é um relógio. O figurino dela tem uma assinatura. Se as pessoas gostassem de roupa cafona, usariam a dela. Além disso, eu alonguei os cabelos e mexi na cor porque a Taís é mais exuberante.
Em 20 anos de carreira, “Cama de Gato” é a sua primeira novela. Nunca teve vontade de fazer folhetins antes?
Tinha vontade de fazer novela, assim como tenho de fazer filme, de dirigir uma peça, de fazer um drama no teatro. Mas minha carreira tendeu para um outro lado – até pelo humor – e acabei indo pela linha de shows. Sempre fui muito autoral, criei minhas personagens e acabei trabalhando com os meus textos. Então, entre fazer uma coisa para qual me convidassem ou as minhas, escolhia as minhas.
A peça “Cócegas”, de sua autoria e da Ingrid Guimarães, é sucesso por onde passa. Vocês pretendem reestrear o espetáculo? Está com algum outro projeto paralelo?
Em 2010, “Cócegas” vai fazer uma despedida viajando pelo Brasil e terminar com 10 anos. Também estou em cartaz pelo país com a peça “Advocacia Segundo Os Irmãos Marx”.