CAPITULO 023 – Suzana está viva!
Com á noticia da morte de seu irmão, Cristiano, cai em um choro profundo. Dom Lauro, chora, mas não deixa transparecer toda sua emoção.
Cristiano (desesperado e chorando): Morto?!... Não, não! Isso não pode ser verdade, não pode!...
Dom Lauro (se aproxima do filho): Mas, é verdade!... O carro foi encontrado numa ribanceira... Carro que eu dei pra ele... Junto dele morreu mais uma pessoa que ainda não identificaram...
Cristiano (grita): NÃO!... É mentira!...
Sai correndo do escritório em direção a sala.
MANSÃO DOS MAYER, COZINHA. TARDE.
Silvinha tomava um copo d’água, quando Lucélia entrou na cozinha. A empregada logo se aproxima dela, num movimento que mais parecia ser uma tigresa pronta para atacar sua presa.
Lucélia (friamente): Olha só!... Quem vê, pensa que você é a criatura mais solidaria do mundo... (fica séria) Mal sabem a cachorra que você!
Silvinha (revoltada): Para de infernizar minha vida sua recalcada!... O que você quer, em?!... (as duas se encaram)
Lucélia: Aquele dia você escapou de mim, mas não pense que eu esqueci que nós temos contas a acertar... (risos) Ou você quer que eu conte tudo o que sei?
Silvinha (segura o braço de Lucélia com toda a força): Você não vale nada!... Sua bruxa! Harpia!... Piranha!... Eu devia matar você!...
Lucélia (irônica): Eu, piranha?!... Faz-me rir querida, a única piranha aqui é você!... E não me ameaça, não!... Por que se não eu vou até á policia e denuncio você!
Silvinha (da um tapa na cara de Lucélia): Cala a boca!... E escuta aqui! Se você continuar a me ameaçar... (respira fundo) Eu te mato!... Vaca!
Silvinha escuta gritos na sala e vai até lá.
Lucélia (amargurada): Vagabunda!... Vai pensando que vai continuar tudo assim do jeitinho que ta... Logo eu acabo com essa sua vidinha dupla!
MANSÃO DOS MAYER, SALA. TARDE.
Silvinha chega à sala correndo e se depara com Cristiano e sua mãe, abraçados chorando juntos. Stela acabara de ouvir a noticia da morte de seu filho mais novo.
Silvinha (intrigada): O que aconteceu?!...
Dom Lauro (secamente): O Renato morreu...
Silvinha (impactada pela noticia): Não é possível... (senta-se na cadeira) O Renato, morto... (chora pouco)
Raquel (levemente emocionada): Alguém sobreviveu ao acidente Dom Lauro?
Dom Lauro (desce um degrau da escada da porta do escritório): Sim... Uma mulher sobreviveu, mas ainda não se sabe se essa mulher é a namorada dele ou a amiga da namorada dele...
Silvinha (levanta-se rapidamente): Para qual hospital essa mulher está sendo levada?!...
Dom Lauro: Para as clinicas...
HOSPITAL DAS CLINICAS, EMERGÊNCIA. TARDE.
A ambulância com a única sobrevivente ao acidente chega ao hospital. Logo a mulher é retirada às pressas numa maca.
Alguns jornalistas figuram na porta de trás do hospital. Todos impulsionados pela noticia da morte do herdeiro mais novo, de uma das maiores fortunas do país. Algumas horas depois o que eles esperam chega. O corpo de Renato chega num caixão lacrado, o outro corpo chega da mesma forma. Os flashes das câmeras fotográficas disparam. E as noticias da morte começam a surgir.
O CORREIO PAULISTANO:
HERDEIRO DE UMA DAS MAIORES FORTUNAS DO BRASIL MORRE
JORNAL DA LAPA:
RENATO FONTANA MAYER, UM DOS MELIONARIOS MAIS DESEJADOS DO PAÍS MORRE EM ACIDENTE.
JORNAL DA TARDE:
ACIDENTE DE CARRO MATA RENATO FONTANA MAYER, O QUERIDINHO DA ALTA SOCIEDADE PAULISTANA.
ALGUMAS SEMANAS DEPOIS...
HOSPITAL, CORREDOR. MANHÃ.
Stela está sentada numa cadeira. Sua expressão está entristecida, pálida e melancólica. Perto dela está Cristiano, filho fiel que está dando forte apoio à mãe. Dom Lauro se aproxima pela primeira vez em uma semana da esposa.
Dom Lauro (suave): Como você está amor?...
Stela (friamente): Não me chame de amor, eu não sou seu amor!... (chora) Olha só, olha só filho!... A culpa de tudo isso é do seu pai!... Você permitiu que nosso filho fosse para o Rio de Janeiro... Tudo isso é culpa sua!... (chora mais)
Dom Lauro (se aproxima): Culpa minha?!... Você que teve a brilhante idéia do Renato ir para o Rio, lembra?... Pra você era chique dizer que tinha filho morando no Rio... (raivoso) Olha no que deu!
Cristiano (irritado): Sai daqui!... Cala a boca! Olha o estado da mamãe. Como você tem coragem de dizer essas coisas para ela?!... (grita) Fora!... Você não tem sentimentos Dom Lauro, não tem!...
Lauro sai aborrecido e transtornado. Cris e Stela se abraçam. Algum tempo depois uma enfermeira se aproxima.
Enfermeira (cordial): Eu vim trazer uma noticia a vocês. A mulher que sobreviveu ao acidente, ela está acordando... Vocês podem vir comigo?... Mas eu aviso de antemão, nada de exaltação. Pode fazer mal à paciente.
A enfermeira encaminha os dois até o quarto na U. T. I., onde a paciente está.
HOSPITAL, UTI. MANHÃ.
Cristiano e Stela entram no quarto. Eles se deparam com a mulher, que está com alguns curativos no rosto. Ela está acordando. Parece perdida e desmemoriada. Stela se aproxima da cama.
Stela (voz afável): Acalme-se querida, você está num hospital... (volta-se para Cris) Olha como ela é linda, filho... É um milagre você ter sobrevivido aquele acidente... (emociona-se)
A mulher está perdida e um pouco agitada. Ela se lembra do acidente. Lembram-se quem é: Suzana Castelli.
Suzana (agitada): O acidente!... Minha amiga!... Não!
* A imagem congela, uma mira telescópica aparece e ao som de um tiro a tela se estilhaça como vidro decretando fim do capitulo. *
FIM DO CAPÍTULO 23.
NOVELA DE.:.GUSTAVO MORAES.