Vigésimo Quarto Capítulo
Sara (séria): O senhor está preso, Romeu Andrade.
Romeu (pasmo): Do que está falando?! Eu não compreendo!
Sara: O senhor sabe muito bem do que estou falando. Você matou Flávio Amorim e aqui estão as jóias... A prova do crime.
Romeu: Mas o que é isso?! Eu juro que não tenho nada haver com essa história. Deve haver algum engano...
Sara (sorri): Não há engano algum. Agora... Queira me acompanhar e diga essas palavras, ao juiz.
Romeu (desesperado): Não! Espere! Você precisa acreditar em mim! Julieta... (aproxima-se).
Julieta (chora de raiva e gritando): Se afaste de mim seu canalha! Meu pai tinha razão! Você se aproximou de mim por interesse! Você matou meu pai para depois casar comigo e ter o meu dinheiro!
Romeu: Julieta... Mas como eu ia querer esse dinheiro se meu pai já é rico?!
Julieta: Não me venha com mentiras Romeu... Estão as jóias para provar sua mentira!
Romeu (aproxima-se novamente): Querida...
Julieta (afasta-se): Não encoste a mãe em mim! Seu assassino!
Sara: Chega de teatro. Romeu Andrade. Me acompanhe até a delegacia. E é bom que não tente fugir. Há essa hora a polícia já está aqui embaixo.
Ela o algemava, pegava o elevador e depois diante dos fotógrafos, o colocava dentro do carro policial.
Casa de Neuzinha...
Neuza (grita consigo mesma): Eu dormi com um frangote!
Carlos (grita consigo mesmo): Eu dormi com uma velha!
Neuza e Carlos (viram-se um para o outro e falam juntos): Peraí...
Carlos: Você me chamou de frangote?!
Neuza: E você teve a coragem de me chamar de velha?!
Carlos (senta-se na cama): Acho melhor a gente se acalmar e usar a cabeça.
Neuza: Sim... Mas você acha que... Rolou alguma coisa entre a gente?
Carlos: Bem...
Os dois ficam pensativos e se dão as costas em meio as suas deduções, quando, juntos novamente, se entreolhavam dos pés a cabeça.
Carlos e Neuza (falam juntos): Eu hein? É melhor nem saber...
Algum tempo mais tarde, já esquecendo da possível confusão, os dois se despediam na porta da casa.
Neuza: Bem... Eu só posso dizer tchau.
Carlos: É... Pois é. Falou. (desce as escadas da casa).
Neuza: Ah! E boa sorte com sua queridinha Simone Medrado.
Carlos: Valeu. (vai embora).
Ela o olhava indo embora, quando Rita, do ouro lado da rua, provocava.
Rita: Bom dia... “Neuzinha”.
Neuza: Bom dia... “Ritinha”.
Rita: Quem te viu, quem te vê. Já tá pegando o rapaz é?Neuza: Eu já disse que eu não pego rapazes Rita! Me respeite!
Rita (ri irônica): Não é o que parece...
Neuza: Vaza daqui sua... Sua mulher da bunda de xuxú!
Sentindo-se envergonhada, Rita seguia seu caminho sem falar nada.
Neuza (consigo mesma): Bunda de xuxú. (cai na gargalha). Essa é boa...
A notícia já se propagava em Salvador e reunida a Fernanda e Marcos, Julieta continuava se lamentando.
Fernanda (abraçada a ela): Chora minha querida... Chora para desabafar.
Julieta (aos prantos): Eu não acredito que era ele! Logo ele!
Marcos: Pelo menos agora descobriram o assassino e você pode seguir sua vida sem nenhuma preocupação. Já pensou se esse cara fizesse algo a você?
Julieta (enxuga as lágrimas): Tem razão... Devo reconhecer que você foi um grande amigo também Marcos. Eu o levei mal. Me desculpe... De coração mesmo.
Marcos: Está tudo bem. O que importa agora é sua segurança.
Fernanda: Irmã... Eu sei que não e hora e nem lugar para discutir isso, mas você sabe que dentro de alguns dias a empresa precisará de um líder e uma de nós, terá que assumir esse cargo...
Julieta: É verdade... Eu não iria conseguir. Já não entendo muito daqueles negócios, agora nessa situação, pior ainda. Você poderia ficar no meu lugar por mim?
Fernanda: Mas é claro, querida. (abraça-a).
Marcos prestava atenção na cena como se soubesse de algo.
Delegacia...
Romeu estava na sala do delegado, quando seu pai chegava desesperado.
Cássio: Mas o que está acontecendo aqui?!
Romeu (aliviado): Pai...
Cássio (abraça-o): Meu filho. O que aconteceu? Que história é essa?!
Romeu: Eu também não sei. Deve haver algum engano. Alguém deve ter armado contra mim!Cássio: Deixe que eu cuide do assunto...
Delegado: Não há nada para cuidar senhor Cássio Andrade.
Cássio: Mas é claro que sim! Dizendo meu filho, ele está sendo preso injustamente e eu confio nele! E irei defendê-lo nos tribunais!
Delegado: Só que, você não irá conseguir liberar seu filho hoje. Ele será mantido preso na delegacia. (vira-se) Homens... Podem levá-lo.
Cássio (pasmo com a situação): Preso?
Romeu (sendo levado): Pai... Por favor... Me ajude!
Cássio: Fique calmo... Tudo irá dar certo.
NO DIA SEGUINTE.
ConstruMarket...
Fernanda passava pelos corredores da empresa, até o escritório presidencial, quando Júlio a via e se intrigava com sua presença.
Júlio: Com licença, o que faz aqui senhora Fernanda?
Fernanda (continua andando sem olhar para ele): Vim assumir a presidência.
Júlio: Como assim?
Fernanda: A empresa não pode ficar sem um líder e eu preciso assumir esse cargo, já que minha irmã está impossibilitada.
Júlio: Mas não precisa se incomodar... Vocês poderiam fazer uma cláusula, propondo que eu assuma a administração em seus nomes...
Fernanda (abre a porta do gabinete): Não há necessidade disso senhor Júlio. Eu mesma irei liderar a ConstruMarket.
Júlio: Mas eu...
Fernanda: Eu já disse... (fecha a porta). Aff. Que cara chato! (senta-se na cadeira) Mas agora... A empresa será minha. Basta aquela bebê chorona da minha irmã assinar este documento.
Marcos (bate na porta): Fernanda... Posso entrar?
Fernanda (fingida): Claro Marcos. O que foi?
Marcos: Eu preciso falar com você em particular.
Fernanda (intrigada): O que houve?
Marcos: Minha cara Fernanda. Nós dois sabemos que o Romeu é um puro inocente nessa história toda.
Fernanda (nervosa): O que você quer dizer com isso?
Marcos: Eu quero dizer que eu sei que você matou seu próprio pai. E eu tenho fotos, para provar isso.
Ela ficava paralisada.
Vigésimo Quinto Capítulo
Fernanda: Eu não sei do que está falando...
Marcos (irônico): Ora Fernanda, deixe de mentiras... Nós dois conhecemos muito bem as regras desse jogo de ambição. E por isso, sei que matou ele pela herança e liderança da empresa, já que Julieta ficaria abalada com a história. (pausa) Chega a ser genial... Incriminar Romeu. O próprio namorado dela. Assim, ela não teria cabeça para assumir essa obrigação e contaria com seu ombro amigo. Muito inteligente seu plano.
Fernanda (nervosa): Cadê essas fotos?
Marcos: Então está admitindo seu crime?
Fernanda (tom alto): Pare de me enrolar e me mostre essas fotos!
Marcos (sorri): Tudo bem... Aqui está... São fotos suas no carro com um cúmplice, provavelmente seu amante, e outra sua, entrando na casa com a chave e com uma arma nas mãos. Obviamente há mais fotos tiradas e todas muito bem guardadas. (pausa) Agora... O que eu quero? Entrar no seu jogo. Eu quero me tornar seu sócio e dividir o poder com você.
Fernanda (ri): Você está brincando comigo não é? Sempre tão certinho... Se revelando um grande interesseiro e mau caráter.
Marcos: É tudo ou é nada Fernanda. Então... Estamos de acordo?
Os dois se entreolhavam.
Apartamento dos Lopes...
Betty andava de um lugar para o outro do apartamento agoniada, quando seu filho abria a porta.
Betty (raivosa): Carlos Lopes! Aonde o senhor dormiu a noite inteira sem comunicar nada a sua mãe?!
Carlos: Bem é que...
Betty: Um instante. (vira-se rezando) Muito obrigada por ter trazido meu filho de volta são e salvo. Eu prometo não brigar com ele. Quer dizer... Agora... Só um pouquinho.
Carlos (estranha): Mãe?
Betty (vira-se): E então? Vai me responder mocinho?!
Carlos: Então. Tipo... Eu sai com uma galera aí, acabei bêbado e dormi na casa deles.
Betty: Quem é essa “galera”?!
Carlos (gaguejando): Bem... É a Neuzinha.
Betty (espanta-se): O quê?! Você dormiu na casa da Neu-zi-nha?!
Carlos: Não fique assustada mãe! Ela só estava me ajudando a conhecer uma menina aí...
Betty: Meu filho dormiu na casa de um hippie?! E ela se aproveitou de você enquanto estava bêbado?
Carlos: Claro que não! Quer dizer... Não sei... Mas ela também estava bêbada.
Betty: Ah meu Deus! Aí meu santinho! (fica raivosa) Essa raposa do cabaré me paga!
Carlos (fala sozinho): Lá vem fight...
Delegacia...
Romeu estava silencioso e totalmente abatido. Segurando nas grades da cela, ele apenas ficava ali parado.
Carcereiro (abre a cela): Ei... Você... Tem visita.
Dirigindo-se até a sala de visitas, ele se surpreendia com a aparição de sua amada.
Romeu: Julieta...
Julieta (olhar triste): Romeu.
Romeu (aproxima-se): Meu amor, graças a Deus, você veio!
Julieta (mantendo a calma): Por favor, Romeu. Não encoste em mim.
Romeu: Então você ainda não acredita em mim?
Julieta: Minha cabeça ainda está muito confusa. Eu adoraria acreditar em você, mas é impossível. Porque você fez isso com meu pai? Por ambição?
Romeu: Nunca! Eu não fiz isso Julieta! Alguém planejou isso! Acredite em mim... (tenta tocá-la na face).
Julieta (afasta-se): Eu sinto muito. Não consigo olhar para sua cara.
Romeu: Mas então porque veio aqui?! Se veio me visitar é porque ainda sente algo por mim!
Julieta (cai algumas lágrimas): Claro que sinto ainda! Porém eu vim aqui, dizer meu adeus.
Romeu: Como assim?
Julieta: Eu pretendo ir embora. Minha irmã vai cuidar dos negócios da família e eu vou para fora do país. Eu pretendo esquecê-lo Romeu!
Romeu: Não pode fazer isso... Não pode fazer isso por nós dois!Julieta: Eu já tomei minha decisão! (levanta-se até a porta).
Romeu (nervoso): Eu vou conseguir provar minha inocência! Você vai ver! E terminaremos juntos... Ainda há como recomeçar Julieta... Ainda há um jeito.
Julieta (vira-se): Eu sinto muito Romeu. Adeus... Até nunca mais. (fecha a porta).
Ele gritava pelo nome dela, quando batia na mesa de raiva e chorava.
ConstruMarket...
Luciana (bate na porta): Com licença senhora Fernanda, mas o senhor Júlio está no telefone como queria que eu lhe avisasse.
Fernanda (sorri): Obrigada Luciana. Você será muito bem recompensada por isso. Agora me deixe só...
Luciana: Está certo. (fecha a porta).
Ela puxava o fone do telefone, enquanto ouvia secretamente a conversa do sócio da empresa.
Júlio: Porque ligou para mim aqui nessa linha? É perigoso!
Cássio: Eu liguei para exigir de você o golpe! Está demorando muito!
Júlio: Olha... Não é culpa minha se há uma nova líder na empresa que possa impedir nossos planos!
Cássio: Meu filho foi preso injustamente por causa da miserável dessa Julieta Amorim! Agora eu quero minha vingança! Eu vou dar o troco! Vou deixá-la na falência.
Júlio: Está bem. Quando podemos nos encontrar?
Cássio: Amanhã... Na Avenida da Paralela, na área verde. Estarei em um carro preto.
Júlio: Ok...
Julieta (bate na porta): Posso entrar?
Fernanda (desliga o telefone espantada): Minha irmã... Claro!
Julieta: O que foi? De repente está pálida...
Fernanda: Não é nada.
Julieta: Está bem. Mas então, porque me chamou aqui?
Fernanda: Querida, eu sei que está pensando em viajar para o exterior, e lhe dou total apoio. Mas antes, para eu administrar nossas heranças nessa empresa, preciso que assine a esse documento...
Julieta: Eu não sei...
Fernanda (sorri): Ande... Assine. (entrega a caneta).
FIM DOS CAPÍTULOS 24 E 25.
AUTOR: JULIANO NOVAIS.