Autores discutem a dificuldade de escrever uma novela

Não há como negar que novela sempre renda um bom papo em qualquer lugar. E, sem dúvidas, isso não seria diferente em uma roda composta por três escritores nacionais, Lauro César Muniz, Silvio de Abreu e Walter Negrão.

Eles se reuniram em São Paulo, neste fim de semana, e falaram sobre o quanto é difícil e, às vezes, engraçado escrever uma novela e colocá-la no ar.

A escolha dos atores e os problemas de “última hora”, como morte e doença, são alguns dos itens da lista que causam preocupação aos escritores. Walter Negrão, que escreveu novela como Desejo Proibido e Top Model, disse que já enfrentou diversas vezes estes probleminhas.

- Eu sou bem azarado. Isso sempre acontece nas minhas novelas. Uma vez, em uma trama,o ator que fazia o herói era gay e a heroína também era. Não tinha química entre eles. O beijo não dava certo. Eu precisei mudar tudo. Não rolava.

Entre os apuros que os escritores passam, há que ter também bom senso e saber correr riscos. O autor da próxima trama das oito, Silvio de Abreu, disse que teve que tomar decisões difíceis durante o desenrolar da história, e que em suas novelas só trabalha com atores que gosta.

- Em Guerra dos Sexos, Paulo Autran se afastou para colocar pontes de safena. Eu não poderia matá-lo na trama. Seria de um extremo mau gosto. Então, apostei que ele ficaria bem e deu certo. Nos meus trabalhos, eu só trabalho com quem gosto.
Por isso, eu primeiro faço o elenco e depois escrevo.



Como as novelas são feitas para o público, não há como negar que as pesquisas de audiência e as opiniões influenciem o rumo das histórias. Negrão afirma que um exemplo foi a “troca de Márcio Garcia por Rodrigo Lombardi” como mocinho de Caminho das Índias.

Lauro César Muniz, autor de Poder Paralelo, da Record, confessa está sempre em sintonia com que se comenta na internet.

- Eu sempre pergunto para meu filho o que estão falando sobre minha novela no Orkut. Não há como negar de que estamos o tempo todo sendo bombardeados pela opinião do público.

Já Silvio de Abreu diz que nunca mudou suas tramas por causa de pesquisa de audiência. Ele acredita que se pode mudar a maneira de transmitir uma ideia, como a interpretação dos atores, a iluminação e o figurino, e não modificar a história.