sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

DESEJO & REPARAÇÃO: ÚLTIMO CAPÍTULO



Quadragésimo Capítulo



Fernanda (sorri): Olá queridinha... (mostra o revólver) Vim fazer uma visita... (empurra-a para dentro do apartamento).
Julieta: O que você ainda quer aqui?! Porque levar isso até esse ponto?! Não sabe que esse pode ser o fim da linha?!
Fernanda: Pode ser... Pode ser... Mas essa é a vantagem de estar pobre e foragida não? Não ter nada a perder! (aponta a arma).
Julieta: Pelo amor de Deus! Você poderia ter fugido e nunca mais nos veríamos! Para quê esse ódio sem destino?!
Fernanda: Escuta aqui ô menina! Eu não estou em um convento. Estou? (ri) Você precisa olhar para a sua cara de songa monga! O que é? Tá com medo de morrer?
Julieta (afasta-se aos poucos): O que você quer de mim afinal?...
Fernanda: Fácil. Qual seria a graça de fugir, sem ter uma boa vingança?
Julieta (aterrorizada): Você vai me matar?
Fernanda (ri): Você duvida?! Mas... Relaxe... Você não vai morrer sozinha. Cadê o Bobomeu? Ops... Quer dizer... Romeu.
Julieta (mentindo): Eu não sei...


Fernanda apertava o gatilho gritando, mas não saia bala alguma. Era apenas para causar pânico. Ela estava se divertindo com a situação.
Fernanda (ri): Achou que eu ia atirar assim de repente? O revólver está sem bala... (carrega a arma) Mas agora não está mais... E então? “Lembrou” agora onde ele está?!
Julieta (chora): Ele foi à banca comprar um jornal e já voltava.
Fernanda (abaixa a arma): Boa menina...
Naquele instante, ela ouvia uma chave abrindo a porta. Rapidamente, Fernanda segurava Julieta com o braço no pescoço, enquanto apontava o revólver em sua cabeça.
Fernanda (sussurra): Fique quietinha.

Delegacia...
Lucas e Sara estavam trabalhando normalmente, quando o telefone tocava e ele atendia.
Mulher anônima: Alô. Aí é da delegacia?
Lucas: Sim senhora.
Mulher anônima: Eu sou morado do prédio “Jardim dos Coqueiros” no Itaigara e acho que está acontecendo alguma coisa no apartamento de cima do meu. O 1301. Parece um seqüestro.
Lucas: Ok. Estaremos indo aí.
Sara: O que houve?
Lucas: Suspeita de seqüestro no prédio Jardim dos Coqueiros, no Itaigara. 1301.
Sara (espanta-se): Mas é onde Julieta e Romeu moram!
Lucas (pensativo): Fernanda!

Apartamento de Romeu e Julieta...
A porta se abria lentamente, quando podia-se ver que era Romeu.
Romeu: Fernanda?!
Julieta (agoniada): Desculpa amor! Desculpa! Eu não sabia que...
Fernanda: Cala a boca! (aponta o revólver) Não se aproxime...
Romeu: Calma... Deixe eu apenas ficar do lado da Julieta...
Fernanda: Está bem. Pelo menos eu economizo uma bala quando matar os dois pombinhos. Não sabem o quanto vão me ajudar.
Romeu (aproxima-se de Julieta): É isso que você quer?! Nos matar para depois ser presa?!
Fernanda (vai para frente da porta): Cada um escolhe seu destino. (sorri) E eu escolhi o meu.
Julieta: Por favor, Fernanda! Não faça isso!
Fernanda (ri): Olha só que trágico! Romeu e Julieta... Um grande romance, que termina novamente em morte súbita. Curioso isso... Não acham?
De repente, a polícia batia fortemente na porta, que estava trancada.
Lucas: Fernanda! Aqui é a polícia! Sabemos que está aí! Abra a porta ou arrombaremos!
Fernanda (vira-se para a porta): Que saco!
Romeu aproveitava que ela estava distraída, para lhe roubar a arma. Porém, era pego de surpresa, quando ela virava-se para ele e lhe acertava um tiro no ombro, que o fazia cair desmaiado.
Julieta (grita): Romeu!
Fernanda (aponta o revólver): Agora é sua vez...!
A porta era arrombada naquele instante. Fernanda estava pronta para atirar em Julieta, quando Lucas atirava antes em sua mão. Ela gritava de dor, quando era finalmente detida.
Sara: É... Agora, além de ser presa por todos os outros crimes, será presa por tentativa de mais dois homicídios senhora Fernanda.
Fernanda (algemada): Poupe-me de wikipédia Sara Babaca!
Sara (séria): Nossa amiguinha não está de bom humor. Levem-na daqui..
Julieta (ajoelhada): Meu Deus! Romeu... Acorda Romeu!
Sara (aproxima-se): Não se preocupe... Ele ficará bem.

SEMANAS DEPOIS.

Cacá e Neuza eram liberados da cadeia, pois conseguiram hábeas corpus e responderiam o processo em liberdade. No portão da prisão masculina, Marinalva ficava a espera de seu amado, quando ele finalmente chegava.
Cacá (emocionado): Marinalva... Você veio.
Marinalva (sorri): Claro que vim meu amor.
Cacá (abraça-a): Me perdoe... Me perdoe por tudo que eu fiz.
Marinalva: Não precisa pedir perdão... Porque eu te amo. (beija-o).

Cadeia Feminina...
Neuza, já em liberdade, ia visitar sua filha em outra prisão.
Neuza: Minha filha... Há quanto tempo. (aproxima-se).
Fernanda (séria): Não chegue mais perto. Não quero e nem preciso do seu amor.
Neuza (triste): Está bem. Eu só vim saber como você estava...
Fernanda: Pois então já viu! Agora vá embora!
Neuza (chora): Fernanda... Mesmo você me odiando e me desprezando tanto, saiba que eu ainda te amo! E que eu estarei esperando por você, quando finalmente me aceitar como mãe. (pausa) Até mais minha filha...
Farol da Barra...
Romeu recebia alta do hospital, durante aqueles dias. Vivendo feliz com sua amada Julieta, os dois caminhavam sob o calçadão da orla da Barra, avistando o pôr-do-sol. Entravam no Farol da Barra, se abraçavam vendo o mar, quando se entreolhavam.
Julieta e Romeu (falam juntos): Eu te amo.

Eles se beijam romanticamente, enquanto a cena se distanciava, até que de repente... Era cortada e ficava em um plano preto.



Estúdio de TV...
Câmera man: Entramos no ar no 1, 2, 3 e...
Apresentador (olha para a câmera): Olá. Estamos aqui com a escritora de romances, Carla Moura, que completa hoje, 50 anos de carreira. (vira-se para ela) Carla... Esse é seu novo livro, chamado Desejo & Reparação. Sendo seu vigésimo terceiro romance...
Carla (corta a fala dele): É o meu... Último romance...
Apresentador (surpreso): É mesmo? Irá se aposentar?
Carla (sorri triste): Ao contrário meu caro. (pausa) Estou morrendo... Meu médico me informou, que tenho uma doença chamada demência vascular. Seu cérebro vai se deteriorando gradualmente. Você perde as palavras, perde a memória, o que para uma escritora é um grande problema... Estou apenas conversando com você, pois eu tomei o meu remédio. Ele... Faz voltar minha memória. Pelo menos, por enquanto. Agora, por favor, não quero lamentos, apenas continue a entrevista...
Apresentador: Claro. Conte-me como arranjou inspiração para fazer um livro ao mesmo tempo dramático, cômico e romântico?
Carla: De fato, eu não criei a história... Eu falo com relação à história principal. Apenas acrescentei algumas coisas.
Apresentador: Então a história é real como espalham dizer?
Carla: Obviamente que é. Inclusive não mudei nenhum nome... Quando fiquei sabendo desse acontecimento, eu quis me inspirar para publicá-lo. Considero um ótimo livro para fechar minha carreira. (pausa) Apenas coloquei alguns personagens inexistentes... Eu diria que somente os personagens que estão envolvidos na trama principal, são reais. De fato, é uma história muito linda e ao mesmo tempo, muito triste. Por isso, dei o ar cômico a ela. (pausa) Mas eu também... Admito ter alterado o final... Ou melhor, do meio para o final da história.
Apresentador: Como assim?
Carla (respira fundo): A verdadeira história, não é feliz como no meu livro. (pausa) Pois, do momento em que Romeu é preso injustamente, ele e Julieta nunca mais se encontraram. E por isso... Nunca terminaram juntos... (pausa) Na realidade, Romeu havia morrido de pneumonia na cadeia, enquanto Julieta nunca conseguiu provar que Fernanda era a culpada pelos assassinatos. Então, Fernanda nunca havia sido presa e Julieta entrou em depressão com isso... Porém, o mais triste é que... Ela nunca pôde recomeçar, por que... Ela estava em um ônibus em alta velocidade, que sofreu um acidente e ela acabou morrendo. Já Fernanda, também não teve uma vida muito longa, pois foi consumida pela loucura. Ela não conseguiu manter a empresa no alto e faliu. Ela perdeu tudo e... Suicidou-se com um tiro na cabeça. Então... Romeu e Julieta nunca tiveram o final, que tanto ansiaram e mereciam. Eu inventei todas as cenas, que poderiam ser reais... Que poderiam ter acontecido, caso a história tivesse sido mudada. Porque Neuza nunca chegou a falar que era mãe de Fernanda. Então tudo a partir da prisão de Romeu... É mentira. (pausa) Mas... Que sentido de esperança ou satisfação, um leitor teria com um final como esse?... Por isso, no livro, eu quis dar um final diferente para eles. (pausa) Eu dei o final feliz, que eles não conseguiram ter em vida...
Apresentador: E o que você conclui com essa história?
Carla (pensativa): A vida não é tão justa meu caro, mas o amor pode ser alcançado aonde for... O fim desse livro, está na cabeça de quem imaginar... Porque, dependendo da escolha do fim que daremos a nossa própria história de vida, podemos encontrar, perdida em nossos corações, a mais pura... (pausa) Felicidade.





FIM


ESCRITO POR: JULIANO NOVAIS.

1 comentários:

Gilberto Nascimento disse...

amei o final da trama, toda a história foi apenas um livro que não teve seu final completo
Juliano você está de parabéns.

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