domingo, 27 de setembro de 2009

Ceará quer imitar Datena agora!

Um dos pilares do sucesso do Pânico na TV, Wellington Muniz revela nesta entrevista que o humorista agora quer fazer drama. E conta os próximos personagens que serão imitados no programa da Rede TV!


Nos últimos meses, a TV brasileira viu uma movimentação intensa de contratações. Um dos objetivos de SBT e Record era vencer na audiência nas noites de domingo. O horário é considerado um momento nobre, especialmente pelo lado publicitário. Gugu Liberato já estreou na emissora de Edir Macedo. Silvio Santos, ele mesmo, está à frente da programação do seu canal.

Porém, quem está deitando e rolando é a Rede TV!. Graças ao "Pânico na TV", a emissora de Amílcare Dallevo e Marcelo de Carvalho tem conseguido a proeza de derrotar, mesmo que por alguns minutos, a poderosa Globo.

Um dos pilares do programa já conseguiu fazer Silvio Santos pagar o mico de se requebrar na "dança do siri", Marília Gabriela cantar Racionais Mc's e muitos famosos descerem do salto para calçar as famosas "sandálias da humildade".

Há seis anos no elenco do "Pânico na TV", Wellington Muniz virou presença garantida em diversos eventos. Ao lado do seu fiel parceiro, o repórter Vesgo, inferniza (no bom sentido, claro) as celebridades, arrancando risadas do telespectador. O raciocínio rápido e a inteligência são marcas desse cearense, nascido em Fortaleza.

"Tem que prestar muita atenção na conversa e, dependo do que a pessoa soltar na resposta, você procura um gancho para fazer uma piada em cima daquilo. Isso é essencial para fazer piada de improviso", afirma, em entrevista ao Famosidades.
Nessa entrevista, o "Silvio do Pânico" conta essas e outras curiosidades, expondo sua face mais séria: a do profissional que, quando o assunto é trabalho, não há espaço para brincadeiras. Ainda que, curiosamente, esse seja o principal instrumento do seu ofício.

FAMOSIDADES - Você acredita que as pessoas te levam a sério?
WELLINGTON MUNIZ - Eu acredito que sim. Por exemplo, as pessoas me abordam na rua como o Ceará, o profissional, sabe? Esquecem dos personagens. E eu fico muito surpreso, porque na televisão eu estou de dentadura, peruca, e muda muito meu rosto. E eu sempre achei que os personagens aparecessem mais do que eu. Acho isso super bacana. Na rua, me abordam com carinho e com respeito; não chegam zuando, eles querem conversar, aí pedem uma foto, um autógrafo. Mas a minha vida também não mudou em nada, não mudei meu jeito de ser por causa disso. Ando na rua normalmente, só de vez em quando me olham com aquela cara de "Você é o Ceará, você é o Silvio?" [risos].

Houve uma mudança no humor de hoje? Há uma maior liberdade, as pessoas aceitam melhor?
Com certeza. Mudou muito. Mas vale lembrar que os outros formatos como "A Escolinha do Professor Raimundo" e "A Praça é Nossa" vão continuar, e não têm que acabar mesmo. Agora, o humor está se renovando, está vindo com novas propostas. Hoje o cara não precisa mais ser baixinho, feio e careca para fazer piada. Tem o humor de cara limpa, que é o stand up, onde você pode faz graça em cima das situações do dia a dia, coisas pelas quais você esteja passando. E o humor está indo por esse caminho, tem gente que gosta, tem gente que não gosta.

Pensa em fazer um trabalho voltado para o formato stand up?
Tem muita gente fazendo isso hoje. Muita gente boa, claro. Mas tem muitos pegando a carona. Eu não discrimino porque acho que todo mundo deve tentar, e ir atrás do seu ganha pão. Eu comecei fazendo shows de humor, mas não era stand up. Eu contava histórias, e fazia algumas imitações. Não adianta pegar carona e achar que dá para fazer. Quero ser original no que eu faço.

Como você descobriu que era capaz de fazer humor?
Sem querer, nunca me achei engraçado. Quando criança eu não era de falar, tinha muita vergonha. Eu ficava no meu mundo, era muito tímido. Foi quando, aos 13 anos, coloquei na cabeça que queria ser humorista. E aí que a coisa aconteceu mesmo. No começo eu me achava meio incapaz, então via o meu pai, que sempre foi muito engraçado. Ele chegava contando piada, fazia amizades facilmente. Eu queria isso para mim.

Em qual humorista você se inspira?
Não que eu me inspire, mas eu considero como grande mestre o Chico Anysio. Ele tem facilidade de criar personagens não só para ele, mas para os outros também. Quando o Chico fazia seleção de atores para "A Escolinha do Professor Raimundo", ele pegava os mais engraçados e criava o personagem ideal para aquele tipo de pessoa. Ele conseguia criar qualquer personagem. Era o dom que o Chico tinha, de humor, de mudar de voz.

O humor do "Pânico na TV" é aquele mais critico. Você não acha que às vezes o programa extrapola nas brincadeiras?
Hoje não. Quando começamos com, em 2003, disputávamos a audiência do domingo, junto com o Faustão [Fausto Silva] e todo esse pessoal. Então, a maneira de chamar atenção era aquela mesma, de fazer brincadeiras, ser mais incisivo nas perguntas, não falar aquilo que as pessoas gostariam de ouvir. O artista é vaidoso e quer sempre os elogios, e nós procurávamos justamente ir pela contramão. A personalidade escolhia um vestido feio para ir ao evento, e a gente mandava: "Você veio vestida com a capa do sofá da sua avó?". Era esse tipo de brincadeira. Mais para sair daquela babação de ovo, rasgação de seda em cima das celebridades. Mas nunca foi para ofender. Só que cada um tem o direito de falar o que quiser, e também escuta e responde quem quiser.

Há um limite para as brincadeiras?
Isso depende da abertura que a pessoa dá para você. Cada um é diferente. Você sente isso na hora do feedback. Eu tomo muito cuidado, porque é uma linha tênue mesmo, não dá para saber o limite. Nunca pensei, por exemplo, que o Silvio Santos faria a "dança do siri" na frente das nossas câmeras. Ele deu muita liberdade para poder brincar com ele. Pensávamos que o Sílvio não falaria com a gente, que diria: "Não, aqui é o Senor Abravanel, vim só cortar o meu cabelo". E ele não só falou como brincou muito. Fiquei surpreso, é um homem que nunca parou para dar entrevistas, a não ser para a própria emissora.

Seu personagem Clodovil apareceu algumas vezes vestido de anjo. Não acha de mau gosto voltar a imitá-lo, já que faleceu?
Não, porque o Clodovil era uma pessoa alegre. Quando eu voltei com ele usando as asinhas foi mais uma homenagem, em momento algum quis difamá-lo. Trata-se de uma figura muito controversa da televisão brasileira, uma figura que, muitas vezes, pagou por falar demais, mas esse era o seu estilo. Existem poucos apresentadores com a personalidade, com o dom da comunicação, que o Clodovil Hernandes tinha. Gostaria muito de voltar a fazer o Clodovil mais vezes, as pessoas até me cobram isso nas ruas. Mas ele tem que voltar no momento certo, quando couber na pauta.

A Gabi Herpes, imitação da jornalista e atriz Marília Gabriela, tem feito muito sucesso. E agora tem a participação de artistas, confrontando o imitador com o imitado. Vocês pretendem levar isso adiante?
É sempre bom mesclar os personagens, que os meninos do "Pânico" fazem muito bem, sempre usando o factual, com as celebridades de verdade. Isso tudo começou com a Marília Gabriela. Ela me ligou para dar os parabéns, falar que tinha gostado muito da minha homenagem, e eu aproveitei para convidá-la a participar do programa. Ela foi super carinhosa, muito gentil, e eu só tenho que agradecer. Quando tiver outro convidado bacana, vamos levar na Gabi Herpes. Isso deixa o quadro muito mais engraçado.

Como você compõe seus personagens? Que elementos você usa?
Eu tenho que ser muito observador. Não pode só imitar alguém, você tem que dar vida ao personagem. Eu me atento muito a isso. Quando eu faço o Silvio, eu uso aquela dentadura que também é marca do Clodovil e da Dercy. Então, eu tento fazer de um jeito que o espectador não veja no Silvio algo que lembre o Clodovil ou outros personagens. Cada um tem suas nuances. A Gabi Herpes, por exemplo, eu tive que assistir a uns 40 vídeos para pegar a coisa. Prestei atenção aos exageros dos gestos, do olhar, as entonações da voz. Tem também a composição de indumentárias, como unhas postiças, anel, relógio, cabelo, maquiagem, enfim. É uma composição mesmo, não só imitação, o texto.

Você fez alguns trabalhos de dublagens em filmes, como "Terra Encantada de Gaya" e "Obelix". Pretende fazer mais trabalhos a esse respeito? Ou então cinema, atuando como ator em cena real?
Eu gostaria de fazer mais. É muito bacana. Dublagem você tem que pensar na voz, e encaixar certinho o texto no tempo exato da suas falas. Não é igual teatro, onde você faz o seu. Tem ator com 10, 20 anos de experiência em teatro, e não consegue se adaptar à técnica de dublagem, que é muito complicada. Ali, você tem poucos segundos para fincar sua fala com o movimento labial do personagem. E eu adorei fazer. Quero fazer outras coisas também, como cinema. No caso, gostaria de experimentar outra coisa, um drama talvez. Quero um personagem nada a ver com o que eu faço na televisão.

E o que o "Pânico na TV" está preparando de novidades para seu público?
A gente está sempre mudando. Eu quero ainda lançar o "Dantena", uma imitação do José Luiz Datena. Estou só esperando chegar uma boa oportunidade para estreá-lo. Também estou pensando em outros personagens como o Geraldo Luiz, o Carlos Nascimento. Estamos sempre trabalhando em cima disso, pensando em coisas novas, provando figurinos, experimentando maquiagens, enfim. Nossa equipe trabalha duro para que, todo domingo, tenha algo diferente.

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