--- DESEJO & REPARAÇÃO ---

Décimo Oitavo Capítulo

Cacá parava o carro no condomínio onde fica a mansão dos Amorim. Com ele, estava Fernanda.

Cacá (sério): Você vai fazer isso mesmo?

Fernanda (coloca as luvas): É hoje meu caro...

Cacá: Eu ainda acho que você vai se arrepender disso. Porque precisa fazer algo tão absurdo como matar seu pai?!

Fernanda: O que foi querido? Tá nervoso? Entenda... Esse velho ainda morrer, claro, mas eu não posso esperar muito tempo. Tenho que tomar posse, antes que o Lucas descubra a história e antes que descubra também, que já entrei com processo de separação... Aí, ele não terá direito a nada do que herdei.

Cacá (respira fundo): Entendi... (olha para frente) Se esconda!

Fernanda (abaixa-se): O que foi?

Cacá: A sua irmã saiu do condomínio agora.

Fernanda: Melhor ainda. Não poderia matar ela, se não seria óbvio demais que seria eu a assassina. Agora siga até a mansão...

Apartamento dos Lopes...

Betty e Marta estavam conversando na sala de estar, sentadas no sofá.

Marta: Conta aí amiga. A gente não se vê a um bom tempo hein?

Betty: Você sumiu queridinha. Estava aonde?

Marta: Estava em São Paulo. Meu ex-marido mora lá e eu precisava falar com ele.

Betty: O quê exatamente?

Marta: Coisas de ex-mulher... (sorri) Sacou?

Betty (ri): Arrancou mais dinheiro do coitado?

Marta: Coitado?! O canalha me traiu com todas minhas amigas!

Betty: Êpa! Menos comigo e aquela sua amiga... Rafaela Abrão.

Marta: Ele nunca encostou um dedo em você, porque tinha medo do seu marido (ri). Você não conta. Mas a Rafaela, era feia também não é?

Betty (ri): Tem razão. Tinha esquecido. Homem traira não chega perto de baranga!

Naquele instante, Carlos passava pela sala de estar correndo.

Betty (vira-se): Carlos Lopes... Aonde irá a essa hora da noite?

Carlos: Colé mãe são só 22 horas...

Betty: Está bem. Mas com quem você está saindo?

Carlos: Vai ficar de marcação?!

Betty (faz pressão): Me responda Carlos Lopes!

Carlos (gaguejando): Com uma galera aí...

Betty: “Galera aí” não é resposta...

Carlos: Olha preciso ir que estou atrasado. Falou!

Betty: Não se envolva com drogas hein?

Carlos: Sem grilo. (fecha a porta).

Marta: Menina... Diz aí... Com quem ele está saindo? Com certeza deve ser alguma namoradinha não acha?

Betty: Eu sei colega. Mas com certeza, eu vou descobri...

Mansão dos Amorim...

A vizinhança do condomínio estava silenciosa, sem ninguém a vista. Fernanda colocava as luvas para não deixar marcas digitais e enrolava um saco plástico sob o revólver até o pulso, para os cartuchos não caírem na casa.Fernanda: Estou pronta.

Cacá (estranha): Pra quê tudo isso?

Fernanda: Deixe de perguntas e me deseje boa sorte (beija-o).

Ela saia do carro e abria o portão da casa, já que como filha, tinha a copia da chave. Estava escuro. Ela vasculhava, com passos lentos, todo o local, quando subia as escadas para aonde havia os dormitórios. Não o encontrava nos quartos, mas avistava uma luz no fim do corredor. Ele estava no gabinete. Ela aproximava-se devagar, olhava de longe e via Flávio sentado lendo alguns arquivos. Entrava e parava na frente dele. Carregava a arma e o barulho chamava a atenção de Flávio que olhava para ela. Sem enxergar direito, colocava os óculos e falava.

Flávio (estranha, espantado): Fe...

Fernanda (corta a fala dele ironicamente): Não diga meu nome. (atira duas vezes).

Casa de Neuza...

Neuza preparava o incenso, arrumava a sala de esta e escurecia mais a luz, quando Carlos chegava.

Neuza (abre a porta): Chegou no horário... Parabéns bad boy.

Carlos: Valeu tia.

Neuza (sorri): Entre...

Carlos (observa a casa): Mas que casa sinistra é essa? Porque a luz tão suave?

Neuza: É para entrarmos no clima...

Carlos: Foi malz coroa, mas eu tipo... Não pego gente velha. Sacou?

Neuza (tira o sorriso do rosto): Tá me chamando de velha?

Carlos: Não. Não quis ofender. Só tava falando que não pego gente MAIS velha. Tá ligado?

Neuza (sorri): Parabéns querido. Você errou, mas soube enrolar uma mulher... Quer dizer... Tentou né? Porque nessa eu não cai. Mas tudo bem...

Carlos: Isso foi um teste?

Neuza: Não estava nos meus planos. Mas já que acabamos nisso, primeira coisa: Nunca fale mal de uma mulher. Se ela tá gorda, vestido, maquiagem ou idade... E segundo: Não estou interessado em você. Ao contrário do que pense, não sou nenhuma pervertida que pega pessoas que mal saíram da frauda.

Carlos: Aí! Ofendeu viu coroa?

Neuza (sorri): Parabéns querido. Reagiu. Nunca deixe uma mulher te humilhar. O homem é que tem que mandar. Se não, elas lhe fazem de besta. Mulheres são quase psicopatas querido... Se deixar, elas lhe fazem de cavalinho. Tá ligado? A diferença é que quando se são mães, elas tem sentimentos (ri).

Carlos (estranha): Eu hein?... Curiosidade Neuza... Você... Tem filhos?

Neuza (gagueja): Eu? Bem... É que... (desvia o assunto) Vamos começar sua sessão!

Carlos: Sessão?

Neuza: Vamos meditar! Sente-se no chão...

Eles se sentavam e começavam a relaxar e meditarem. Respiravam e tiravam os pensamentos da cabeça. Carlos acabava dormindo de tédio...

HORAS DEPOIS.

Mansão dos Amorim...

Julieta voltava para casa, quando já era madrugada. Ela subia as escadas e ia ver se seu pai estava dormindo bem. Não o encontrando na cama e estranhando, ela começava a lhe chamar, mas sem respostas, ela ia o procurando por todo lugar, quando via a luz do gabinete ligada. Já sentindo uma sensação ruim, ela caminhava devagar até o escritório, quando via seu pai inclinado na cadeira com sangue descendo pela sua boca. Ele estava morto.

Julieta (aos prantos): Pai!!!!

FIM DO CAPÍTULO 18.

AUTOR: JULIANO NOVAIS.