Senhora do destino' ainda eletriza. É novela com ação

Novela de 2004, “Senhora do destino” vem mostrando um desempenho impressionante no “Vale a pena ver de novo”. Seus números oscilam em torno dos 24 pontos e, de vez em quando, chegam perto dos 30 (as audiências diárias estão no blog. Qual é o motivo de tamanha vitalidade? Minha aposta é na agilidade da história, um ritmo que depois se repetiu em “Paraíso tropical”, de Gilberto Braga e Ricardo Linhares, e em “A favorita”, de João Emanuel Carneiro (embora, é preciso ressalvar, nenhuma das duas tenha alcançado a audiência de “Senhora do destino”).

Cada capítulo destas novelas a que o espectador deixasse de assistir fazia falta para a compreensão da trama. Isso tornava cada exibição imperdível. A exemplo do que ocorre na maioria dos seriados americanos, em “Senhora do destino”, os ganchos se multiplicam e as histórias não andam em círculos. Aguinaldo acha que a comparação faz sentido, mas ressalva: “As novelas são uma história de longo prazo, já os seriados têm episódios fechados”. Ou seja: quem escreve folhetins não pode, ou não deve, perder de vista o sentido da história maior em nome da ação imediata.

Ávido por tramas ágeis, o público de hoje não suporta com tranquilidade as “barrigas” de folhetins que se arrastam. “Senhora do destino” não tem nada disso. Aguinaldo se surpreendeu ao rever vídeos de “Tieta”, que está fazendo 20 anos: “Para os olhos de hoje, é uma novela lenta”, diz. Lenta também era “Roque Santeiro”, que continua na memória como uma das melhores produções da TV brasileira. Exibida em 85, ela teve sucesso absoluto de audiência. Aguinaldo lembra de ter escrito cenas de mais de seis páginas para Regina Duarte, a viúva Porcina. Hoje, isso seria inaceitável. Aguinaldo qualifica esse esforço de buscar ação de “um exercício dificílimo”. Pode ser, mas vale a pena. Basta ver como Nazaré continua eletrizando as plateias.