quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Adriana Esteves fala de seu papel em "Dalva & Herivelto"

Além de ajudar Adriana a lembrar de detalhes da vida e da obra de Dalva que, vez por outra ela precisava saber, a pasta também lhe permitia compor com mais realidade a popular cantora da década de 30. “Afinal, lá tinha tudo o que pesquisei sobre Dalva, as pessoas que conviveram com ela e com quem conversei… Era um material extenso”, destaca.
Tamanha dedicação à biografia da cantora nos intervalos de gravação da minissérie não foi à toa. Também no ar como a Celinha de “Toma Lá, Dá Cá”, a atriz teve de dividir seu tempo de trabalho entre o seriado e a trama sobre a vida de Dalva de Oliveira e Herivelto Martins. Era no camarim, portanto, que ela aproveitava para se inteirar sobre a personalidade e os hábitos da cantora.
“Além da pasta, me ajudou muito conhecer o Nacib, que era amigo e fã número um da Dalva. Ele tem um acervo sobre ela em casa”, acrescenta ela, que também teve vários encontros com Pery e Bily, filhos de Dalva e Herivelto. “Foi muito bacana e ao mesmo tempo engraçado escutar os relatos deles. Até porque, eles são os filhos da mulher que eu ia representar!”, constata.
Além de mergulhar na vida e na obra de Dalva de Oliveira, Adriana precisou fazer aulas de fono, canto e “lip sinc”, uma espécie de dublagem ao contrário, em que a voz é a original e o ator movimenta os lábios em sincronia com o que é dito. Tudo para dublar corretamente as canções. “A voz que se ouve não é a minha, é a da Dalva. Eu só dublava. Mas para não ficar nada forçado, tinha de dublar muito bem”, lembra ela, que na história interpreta a cantora dos 19 aos 55 anos.
Aliás, para encarnar a “Rainha da Voz” em tantas fases de vida, ela, que tem 39 anos, teve de sofrer transformações – tanto para rejuvenescer quanto para envelhecer. “Foi um trabalho de caracterização muito bacana. A Dalva tinha o cabelo enrolados e curto. E o meu é longo e liso. Tive de usar peruca em todas as fases”, explica a atriz, que também usou lentes de contato verdes.
Apesar de parecer uma responsabilidade e tanto representar uma figura que já existiu, Adriana admite que em momento algum se sentiu pressionada. Pelo contrário. Por já ter vivido experiência parecida no teatro – ano passado, ela interpretou Maria Bonita na peça “Virgolino e Maria – Auto de Angicos”, ao lado de Marcos Palmeira, que encarnou Lampião -, a atriz admite que ficou ainda mais empolgada com o convite para incorporar Dalva.
“Ter encarnado na tevê Maria Bonita no teatro me deu ainda mais coragem de reviver alguém que existiu”, reconhece, confirmando não se preocupar com as inevitáveis críticas à sua interpretação da popular cantora. “É uma responsabilidade que, modéstia à parte, consigo suportar. Além do mais, estou tranquila. Sei que dei o meu máximo. Minha dedicação foi enorme”.
Segundo a atriz, o mais importante em um trabalho que tem como foco reconstruir a vida de uma figura que já existiu é estar aberta para criar o novo. “A intenção é muito mais revelar do que imitar. É sugerir o sonho para o telespectador”, argumenta Adriana, que nos meses de gravação da minissérie – de setembro a novembro – não tinha tempo para nada.
Principalmente porque estava gravando junto “Toma Lá, Dá Cá”. “Foram meses de muito trabalho. Mas valeu a pena a experiência. Só espero agora que as pessoas se encantem, sonhem e possam reviver uma época da história que foi tão bonita”, suspira.
Entre tapas e beijosA relação de amor entre a cantora Dalva de Oliveira e o compositor Herivelto Martins é o ponto de partida de “Dalva e Herivelto, Uma Canção de Amor”, minissérie que estreia esta segunda-feira, na Globo. Assinada por Maria Adelaide Amaral e dirigida por Dennis Carvalho, a produção, de cinco capítulos, aborda a vida dos dois artistas e mostra como a conturbada dupla, que fez sucesso nos anos 30 e 40, se relacionava pessoal e profissionalmente. Apesar de a minissérie retratar uma realidade distante, a autora acredita que ela vai agradar até mesmo aos jovens. “Dalva e Herivelto são bem parecidos com outros casais contemporâneos. Muda a moda, mas a paixão, o ciúme, a traição e a mágoa pontuam as relações afetivas de todos os tempos”, aposta Maria Adelaide Amaral.

Por abranger cinco décadas, de 30 a 70, foi preciso um cuidado todo especial na direção e na fotografia quando acontecia mudança dos anos na história. Prova disso é que o diretor da minissérie procurou fazer uma fotografia mais quente e dourada nas décadas de 30, 40 e 50. “Já nas décadas de 60 e 70, a fotografia é mais fria, azulada. Tudo para mostrar o início do fim do relacionamento de Dalva e Herivelto”, detalha Dennis Carvalho, que escalou o ator Fábio Assunção para dar vida a Herivelto Martins. “O Fábio é um grande amigo, que cada vez mais está dando um show como ator”, derrete-se o diretor da minissérie, que também tem no elenco Thiago Fragoso, Leona Cavalli, Thiago Mendonça, Maria Fernanda Cândido e Maurício Xavier, entre outros.
Quem é Quem em “Dalva e Herivelto, Uma Canção de Amor” – Grande cantora, deslanchou como estrela ao lado de Herivelto Martins e Nilo Chagas. O grupo logo foi apelidado de “Trio de Ouro”. Se tornou a “rainha da voz” no auge do sucesso da Rádio Nacional. Dona de uma história cheia de altos e baixos, ficou no imaginário popular brasileiro não só por suas músicas, mas também pela paixão doentia pelo primeiro marido, o compositor Herivelto Martins.
Dalva de Oliveira (Adriana Esteves)
Herivelto Martins (Fábio Assunção) – Talentoso compositor, marcou a história da música ao inventar o apito como instrumento rítmico e compor o primeiro samba sobre a vida no morro. Rígido e disciplinador, fazia tudo em seus shows, do repertório aos arranjos, passando pelos figurinos e coreografia. Foi responsável pelo lançamento de Dalva de Oliveira.
Lurdes Torelly Martins (Maria Fernanda Cândido) - Aeromoça de tradicional família gaúcha. Era divorciada quando Herivelto Martins a conheceu, a bordo de um avião. Fez de tudo para não ceder aos encantos do famoso artista, até que ele finalmente a ganhou. Era de uma bondade tão grande que até a amizade de Dalva ela conquistou.
Pery (Gabriel Moura/Thiago Fragoso) – Primogênito de Dalva de Oliveira e Herivelto Martins. Muito apegado à mãe, sempre se ressentiu do jeito distante e inflexível do pai. É enviado com o irmão para um colégio interno durante o processo de divórcio dos pais, e sofre muito com as pressões da sociedade, curiosa para saber detalhes da briga conjugal. Mesmo contra a vontade paterna, torna-se cantor -com nome de Pery Ribeiro- e faz carreira internacional.
Bily (Yago Machado/Thiago Mendonça) – Segundo e último filho de Dalva de Oliveira e Herivelto Martins. Ao contrário do irmão mais velho, não toma partido na briga dos pais.
Alice do Espírito Santo de Oliveira (Denise Weinberg) - Mãe de Dalva de Oliveira e responsável pelo nome artístico da filha. Era conhecida como “Alice Portuguesa”.
Sílvia Torelly (Yaçanã Martins) – Mãe de Lurdes, era a matriarca da família. Ficou viúva cedo, com quatro adolescentes para criar. Católica, era severa e disciplinadora. Não aceitou inicialmente a corte que Herivelto Martins fazia para a filha, mas depois acabou se acostumando, e até gostando, com novo genro.
Conceição Sílvia Torelly (Mayana Neiva) – Gostava de ser chamada de Silvia e era tão bonita quanto a irmã mais velha Lurdes. Tem um caráter desinibido e desenvolto e é muito próxima a Lurdes. Margot (Leona Cavalli) – É uma personagem fictícia, que nasceu no mesmo ano e mês que Dalva de Oliveira. Faz parte do coro RCA Victor, mas sua voz nunca foi especial o bastante para que se destacasse. A vida de Dalva era justamente a que queria ter. Gostaria de ser uma grande cantora e de ter se casado com Herivelto Martins, por quem nutriu uma paixão secreta. Por isso, se torna uma falsa amiga de Dalva e passa a se empenhar dia e noite na destruição do casamento da artista.
Nilo Chagas (Maurício Xavier) – Só passa a constar nos registros da música brasileira quando forma a dupla Preto e Branco com Herivelto Martins. Depois, com a inclusão de Dalva e a formação do “Trio de Ouro”, sua voz grave passa a fazer uma ótima contraponto às vozes agudas dos outros dois parceiros. Ainda participou da segunda formação do “Trio de Ouro”, já sem Dalva, mas depois abandonou o grupo e não deu continuidade a sua vida artística.
Estela (Ellen Roche) – É uma personagem fictícia, uma corista, com quem Herivelto Martins flerta.

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