Um papo com Mateus Solano

Entre tantos “talentos” que aparecem na TV o tempo todo, de vez em quando surge um talento que chama a atenção. Foi o caso de Wagner Moura, de Selton Mello, só para dar dois exemplos. Agora, Mateus Solano vem chamando atenção como os gêmeos Jorge e Miguel de “Viver a vida”. Em suas entrevistas, o ator declarou que seu trabalho está funcionando porque ele “conseguiu captar a energia de cada um dos personagens”. Basta acompanhar umas poucas cenas da novela para entender melhor esta explicação e até perder um pouquinho o preconceito com o uso da palavra “energia” servindo a uma explicação objetiva. O Miguel e o Jorge criados por Manoel Carlos não são opostos, embora em certos aspectos até pareçam. Jorge tende para o moralismo, é caretão, usa o cabelo repartidinho e gravata. Já Miguel, muito mais charmoso, leva a vida com leveza, é médico e altruísta. Ambos têm caráter e não se trata de um contraste entre Ruth e Raquel (as gêmeas de “Mulheres de areia”, uma boa, outra, má). Tais diferenças, sutis, precisam de um grande ator para aparecerem no tamanho certo. Que este ator é Mateus, a esta altura, quem ainda duvida? A dificuldade da missão é crescente: à medida em que a novela avança, o público vai ficando mais equipado para diferenciar Jorge de Miguel. Ou seja: a exigência só aumenta. Mateus parece estar fazendo uma festa com este desafio e vai se arriscando cada vez mais sem errar. Esta semana, Natália do Vale estava em cena vendo televisão quando ele entrou, pulando pelo sofá, para sentar-se ao lado dela. Era, claro, Miguel, se apresentando antes mesmo de abrir a boca.
“Captar a energia” pode ser traduzido por compreender completamente o texto, em vez de simplesmente repeti-lo. Mateus Solano é um ator inteligente, entregue aos seus personagens e uma das melhores surpresas da TV este ano.