Nathália Dill fala de sua protagonização em Paraíso

Conquistar o papel de protagonista em dois anos de carreira televisiva não é para qualquer um. Ou uma. Por isso Nathalia Dill reconhece ter uma trajetória privilegiada. A atriz carioca, de 23 anos, estreou na TV há dois na pele da vilã Débora de “Malhação”. Já no segundo trabalho, apareceu como protagonista de Benedito Ruy Barbosa.

Prestes a se despedir da pura Maria Rita, de “Paraíso”, que termina no dia 2 de outubro, Nathalia faz um balanço de seu desempenho como a “santinha” que fisgou o coração de Zeca, o “filho do diabo” interpretado por Eriberto Leão. “O que mais me encantou na Santinha foi a delicadeza, a serenidade e a ética dela. É uma personagem com muitas questões, o que não é simples”, analisa.
Nathalia, que longe dos “sets” de gravação é uma jovem despojada e nada religiosa, também ficou satisfeita com a resposta do público. Desde o início da história, em março, ela tem sido muito bem tratada por onde anda. “Estou muito feliz com o carinho das pessoas. Isso é o melhor que uma novela pode proporcionar a um ator”, derrete-se.
Apesar de agora, na reta final da trama, estar se sentindo mais segura, Nathalia reconhece que, quando soube que interpretaria o papel principal em um “remake” de uma novela que foi um baita sucesso na década de 80, sentiu um frio na barriga. “Mas depois pensei na confiança que o Papinha e o Benedito depositaram em mim. E isso me tirou o medo”, lembra, referindo-se ao apelido do diretor da trama, Rogério Gomes, e ao autor da novela.
O que também deixou a atriz mais tranquila quanto à sua posição no folhetim foi o fato de ela encarar o título de protagonista com humildade. “Uma trama não vive só da mocinha e do mocinho. A única diferença do protagonista para os outros personagens é o volume de trabalho, que é bem maior”, acredita.
Pé-no-chão, Nathalia, que já foi hippie e até grunge, diz não se deslumbrar com o seu papel de destaque na trama das seis porque sabe que se esforçou muito para ocupar esse posto. Tanto que, apesar de ter sido muito elogiada durante os sete meses de novela, ela continua a se cobrar e não relaxa quando ouve uma crítica mais dura. “Tanto a crítica boa quanto a ruim têm o mesmo impacto sobre mim. Se fico muito feliz quando a crítica é boa, automaticamente fico deprê quando ela é ruim”, confessa, dizendo que procura dar uma “filtrada” no que escuta. “Tento lidar com as críticas ruins da melhor maneira possível. Afinal, é impossível agradar todo mundo”, defende.
Em relação à autocrítica, Nathalia garante se martirizar bem menos. Isso porque, aprendeu que o resultado de uma cena nem sempre sai como ela espera. Afinal, há dias em que ela está bem e outros que não. “É lógico que sou crítica, quero que tudo saia perfeito, com todos os detalhes. Mas não posso me cobrar demais, senão fico louca. Um pouquinho de imperfeição também é legal, né?”, indaga, com um simpático sorriso.
Um pouquinho de imperfeição, aliás, foi o que ela tentou dar à aparentemente perfeita Maria Rita, que começou a novela sendo influenciada pela mãe a ser freira e no decorrer da história resolveu se render ao amor do peão Zeca. “É bonito o contexto da personagem, essa contradição que ela vive, a questão do embate com a mãe. Para mim, o sucesso da Santinha se deve a essa complexidade”, argumenta ela, que também atribui aos seus colegas de elenco grande parte de seu êxito. “Todo o elenco está feliz. E isso é muito favorável. Acho que é o auge que uma novela pode alcançar”, argumenta.
Feliz com o sucesso de sua primeira protagonista, Nathalia afirma ainda não ter parado para pensar no que vai fazer quando a novela terminar. Por enquanto, ela – que assinou contrato com a Globo até 2012 – só quer curtir todo o tempo livre para colocar os programas culturais em dia. Até porque, durante “Paraíso”, ela não teve tempo para nada. Só para se dedicar à Santinha. “Quero ler todos os livros e ver todos os filmes que não pude ver durante a novela. Afinal, chegava em casa e não aguentava fazer nada de tanto cansaço. Também quero dar uma descansada”, planeja.