quarta-feira, 26 de agosto de 2009

O Adeus a Loira mais linda da TV

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A última semana marcou o adeus a uma das personagens mais polêmicas, má e, porque não, carismática da TV. Com o término de Senhora do Destino, novela que estava sendo reprisada no Vale a Pena Ver de Novo, da Globo, o público se despediu também de uma das vilãs mais amadas da teledramaturgia.

Linda, loira, gostosa e poderosa. Como ela mesma se definia, Nazaré – a sequestradora brilhantemente interpretada por Renata Sorrah – era a verdadeira chave de cadeia. Mas uma coisa não se pode negar, dona de um humor sensacional. Desses que todos os vilões devem ter, para cativar até mesmo os mais mocinhos.

A ideia de utilizar meu espaço aqui para prestar essa homenagem, surgiu depois de ler uma recente entrevista da atriz. Nela, Renata Sorrah comentava o sucesso que a reprise da novela fez, muitas vezes tendo uma ótima marca no Ibope, e da personagem, já que voltou a ser parada nas ruas por conta de um dos melhores papéis de sua carreira.

Vivida na primeira fase por Adriana Esteves, Nazaré é uma mulher esperta, experiente, dessas que se dão bem na vida no momento em que conseguem aplicar o velho golpe da barriga no primeiro trouxa que encontra pelo caminho, tirando-a da vida de lama direto para a sociedade.

Seguindo a temática de que a gente muda a embalagem, mas não o recheio, apesar da boa vida Nazaré continuou preservando artimanhas e gostos um tanto peculiares, herança de sua passagem pela sarjeta. Mas com certeza a melhor característica dessa “heroína às avessas” era a facilidade com que tinha de ser sarcástica.

Entre suas memoráveis passagens, destaque para os embates com a enteada Maria Cláudia (Leandra Leal), que ela chamava de “garota insuportável”, os momentos em que se referia a Maria do Carmo (Suzana Vieira) de “anta nordestina”, e seus filhos de “flageladinhos”.

Mesmo nas piores fases, era impossível perder o humor. Como quando estava para ser presa e resolve simular um ataque no bar. Com uma garrafa em punho, soltou essa ao ver o Alberto (Tiago Fragoso) se distanciar: “Para onde ele vai, o macarrão sem molho”. Já na prisão, quando tem que lavar privadas sujas ela diz: “Ai que nojo”! E ainda em sua última cena, quando afirma para a Isabel: “Você acha que eles vão deixar uma raposa linda e felpuda como eu em paz? É o fim, Isabel. Eu vou voar”. E voa, se jogando de costas, da ponte, no rio.

Porque valeu a pena ver de novo

Exibida pela primeira vez em 2005, a trama de Aguinaldo Silva narrava a história de uma mãe que partia do interior para a cidade grande, na companhia de seus cinco filhos, em busca de uma vida melhor. Ao chegar, em meio a conflitos decorrentes da ditadura militar, acabava sendo enganada por uma falsa enfermeira que aproveitara a inocência daquela família para se apossar de sua filha, ainda um bebê.

A sinopse poderia até ser apontada como algo comum, se o autor não tivesse alguns trunfos na manga, de forma que a tornassem muito mais atrativas: ditadura militar, imigração nordestina, roubo de menor, preconceito social, homossexualismo, corrupção e atividades ilícitas, como jogo do bicho. Além do alerta para o mal de Alzheimer, doença citada durante a novela.

A primeira fase da novela dura em torno de cinco capítulos e foca a vinda da protagonista para o Rio de Janeiro, roubo da filha, prisão por engano como uma revolucionária política, sua liberação, encontro com o único parente na nova cidade e ainda, o seu “fincar” em solos da baixada fluminense.

Um salto de mais ou menos vinte anos se dá e é aí que o telespectador começa a se integrar na vida de Maria do Carmo, a imigrante nordestina que encabeça essa história. Passado tanto tempo, em momento algum essa mulher desistiu de reencontrar sua filha Lindalva (Carolina Dieckmann). E é nessa luta, com tramas paralelas, que se fez da novela um sucesso daqueles que valem a pena ver e rever.

Nem tudo são flores

Senhora do Destino é sim uma ótima trama, que compõem a história da teledramaturgia brasileira. Com personagens fortes e carismáticos, desses em que muitos dos telespectadores podem se espelhar ou até refletir, por se tratar de personalidades brasileiríssimas. Ou no popular, povão.

Entre os mais amados, além da Maria do Carmo (Suzana Vieira) e a Nazaré (Renata Sorrah) pode-se citar: o bicheiro Giovanni Improtta (José Wilker) e seu filho João Manoel (Heitor Martinez), o Barão Pedro (saudoso Raul Cortez) e a Baronesa Laura (Glória Menezes), a perua Gisela (Ângela Vieira), o mordomo Alfred (Ítalo Rossi), a pequena Bianca (Marcela Barrozo) e o capanga Madruga (André Mattos), entre tantos outros.

Mas, infelizmente, em toda produção há falhas. Apesar de não comprometerem tanto o folhetim, ainda bem, também não passam despercebidas. Por exemplo, A protagonista chega ao Rio no momento da revolução de 68. A passagem de tempo sugere em torno de 25 anos, idade em que a jovem Lindalva/Isabel é encontrada.

Isso ocorreria no início da década de 90. Objetos como celulares ainda não eram comuns no Brasil. Mesmo assim eles aparecem e o que é pior, modernos. Carros, cortes de cabelos e a composição de alguns figurinos, também diferem dos usados na época.

Por: Tatiana Bruzzi

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