REFLEXÕES SOBRE A TELEVISÃO BRASILEIRA

Hoje é o Dia da Televisão, uma ótima ocasião para se refletir sobre este veículo de comunicação que, sem dúvida nenhuma, aqui no Brasil cresceu em tecnologia. Mas será que a qualidade da nossa programação seguiu o mesmo ritmo registrado nos departamentos técnicos?
O Brasil é um excelente produtor de telenovelas (diariamente são 07 folhetins inéditos, sem contar os especiais com dramaturgia e as séries que ocupam o horário nobre), mas nos últimos anos preferiu não arriscar e deixou a inovação de lado. Já foi a época em que as novelas provocam os governantes e, mesmo com a ditadura, abordavam temas políticos, como a questão da reforma agrária. Atualmente, para não perder pontos para a concorrente, as emissoras aprovam novelas carregadas nos clichês românticos, com violões muito semelhantes e na violência urbana, elementos que, ao lado do humor, são responsáveis por atrair a atenção do telespectador. E quando acham algo diferente que funciona, exploram o formato até o desgaste. É a ganância por números!

Já foi a época em que a maioria das TV estavam preocupadas em agregar algo ao público. Hoje, sucesso é medido através de números e não pela qualidade. É, a televisão mudou. Hoje é mais profissional e menos romântica, tem metas a cumprir e faturamento a atingir. Não que fosse muito diferente há algumas décadas porque trata-se de empresas que precisam se manter, mas no passado havia mais magia em nossas telas.

A televisão ganhou em qualidade, imagens bonitas, dinamismo… perdeu na sensibilidade. Até mesmo as emissoras educativas e estatais que não precisam necessariamente do anúncio do setor privado já não arriscam mais. Lembro de uma época em que a TV Cultura provocava seu público e com inteligência unia conteúdo cultural com programas de auditório ou criava um universo infantil capaz de abrir os olhos da criançada. A Cultura ainda faz projetos diferenciados, mas muitos se distanciaram do público e atingem uma audiência muito segmentada. O mesmo acontece com a “TV Brasil”. A emissora tem atrações que prezam pela qualidade, mas que parecem conversas muito intelectualizadas. É fundamental se aproximar do país.