‘Força-tarefa’, uma estreia para aplaudir

A missão de “Força-tarefa” não era simples. Tanto o cinema quanto a televisão vêm explorando
exaustivamente as tramas policiais tornando o tema batido e cansando o público. Mas a dupla de autores Fernando Bonassi e Marçal Aquino e o diretor José Alvarenga conseguiram surpreender e muito, oferecendo um prato requintado, equilibrado e sem excesso algum. A história da série que estreou na Globo na última quinta-feira é centrada num grupo de policiais que investiga a banda podre da própria polícia.

O roteiro de Bonassi (autor do excelente romance “Subúrbio”) e Marçal é eletrizante e, principalmente, tem uma história para contar. Com isso, “Força-tarefa” escapa aos festivais de tiros e cachoeiras de sangue que costumam reinar em programas do gênero. José Alvarenga (de “Mulher”, “Os normais”, “Os aspones” entre outros) mostra, mais uma vez, que é um dos melhores diretores da teledramaturgia brasileira, sem a menor injustiça. Ele entende um texto nas suas duas dimensões: sabe “ler” o roteiro escrito para criar o “ritmo
respiratório” necessário a uma produção da televisão. Faz isso como poucos.

O elenco é espetacular, sem falar na escalação que foge das obviedades. Murilo Benício está maduro, entregue ao papel. Ele faz par com a excelente Fabíula Nascimento. Milton Gonçalves é mais uma vez o grande Milton Gonçalves. Hermila Guedes, entre a frieza e doçura como a policial Selma, também estava na medida. Todo o elenco é de alto nível. As imagens, cinematográficas, foram capturadas em inúmeras locações pelo Rio, driblando a armadilha em que caem tantos programas: a de o público reconhecer as dependências do Projac numa ou noutra fachada da cenografia. “Força-tarefa” foi uma estreia como a televisão não via há muito tempo. Finalmente uma novidade. E das grandes e positivas. Salve.

CRÉDITOS.:.PATRÍCIA KOGUT