quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Pânico na TV...



Mais do que fazer o senador Eduardo Suplicy quase perder o decoro ao pedir que ele desfilasse com uma sunga vermelha sobre o terno pelos corredores do Congresso, Sabrina Sato conseguiu outro feito em sua recente incursão por Brasília. A brincadeira da humorista do “Pânico na TV” serviu para demonstrar a capacidade que o dominical da Rede TV! ainda tem de repercutir e se renovar. Há seis anos no ar, com seus altos e baixos, a atração passa agora por um dos seus melhores momentos.
Festejado como uma das grandes inovações do humor no passado, o “Pânico” também se mantém firme como alvo preferencial das críticas de especialistas em televisão. Em uma outra reportagem recente, a turma pegou pesado ao mostrar as boazudas assistentes de palco (as Panicats) cobertas apenas por tarjas numa praia de nudismo.
A crítica só acha bom o que considera revelação no humor. Foi assim como o “Pânico” e depois com o “CQC”. Agora, o cara da vez é o Marcelo Adnet (da MTV). Por isso acho que o melhor programa do gênero ainda é o “Casseta & planeta urgente!”. Os caras estão há 20 anos no ar fazendo coisas legais – destaca o líder do grupo, Emílio Surita.
O momento pode ser dos melhores para o “Pânico”, mas Surita garante não se acomodar:
- Ninguém que trabalha em TV está tranquilo. A gente já foi reclassificado, censurado. Aquela época (2006) foi complicada. O “Pânico” ia ao ar das 18h às 20h, depois passou para às 20h. Houve um momento em que pensamos: “E agora?”.
Exibido aos domingos, numa das faixas de horário mais concorridas da televisão (das 21h às 23h30m), o “Pânico” tem ibope ascendente, mesmo com as recentes mudanças que alteraram a grade de concorrentes como Record e SBT. Os números do programa no último dia 18 servem como indicativo do alcance do humorístico: o “Pânico” ficou em terceiro lugar, marcando média de 11 pontos de audiência.
- Não temos pretensão e não considero muito esse negócio de audiência. Não posso ter a cobrança de ganhar do programa mais caro da Globo, que está há 30 anos no ar – diz o apresentador, cuja atração concorre nas primeiras horas com o “Fantástico”, da emissora líder.
Na média geral do horário em que é exibido, o humorístico costuma ficar na terceira posição, atrás da Globo e da Record (com o “Programa do Gugu”), e à frente de Silvio Santos, no SBT. Maior audiência da Rede TV!, o “Pânico” também faz sucesso com as reprises exibidas às sextas-feiras, que ficam entre as segundas melhores médias da emissora.
- Temos um lado vaidoso, mas depois do programa já precisamos pensar no próximo – informa Surita.
Para o apresentador, o êxito do “Pânico” se deve ao público fiel ao grupo. Ele acredita que o grande segredo do programa ainda é a irreverência. Característica mantida desde a estreia, em setembro de 2003, quando a produção era visivelmente mais precária.
Nesse tempo todo em que está no ar, o programa passou por diversas fases. Surita lembra que o fim de 2007 foi o mais delicado para o grupo. E revela que a saída da dupla Carlinhos “Mendigo” e Vinícius “Gluglu” para a Record, e da redatora Rosana Hermann, abalaram o programa. Mas só isso.
- Chegou a sair a notícia de que o “Pânico” iria acabar. É no momento de dificuldade que a gente é forçado a se renovar. Depois que saímos do horário das 18h, passamos a cobrir também futebol, política… e tratar tudo isso com humor – aponta.
Agora, a próxima investida do programa será visual. O “Pânico” será turbinado a partir do dia 15, quando passará a ser transmitido do novo estúdio de 500 metros quadrados que a Rede TV! inaugura dois dias antes.
- Temos atualmente 150 pessoas na plateia e vamos poder receber 400. Mas acho que devemos ir aumentando aos poucos – conta Surita, certo de que a qualidade da produção melhorou nos últimos anos. – Antes tínhamos só uma ilha de edição e hoje temos quatro – enumera.
Apesar de ter mais recursos, o líder do programa confessa que o “Pânico” nunca será uma atração com um acabamento perfeitinho:
- O negócio é para ser tosco – afirma. – Quero a linguagem da molecada, do YouTube. Esse é o meu público principal e quanto mais eu me aproximar daquela linguagem, mais legal. Nada pode ser muito elaborado. Nosso programa é feito nas portas das festas, não pode ser mainstream.
Mesmo tendo amargado críticas por eventuais deslizes, o “Pânico” soube se reinventar ao mandar Sabrina Sato para Brasília, e ao abrir espaço para novos personagens como O Impostor (feito por Daniel Zukerman) e o indescritível Zina, torcedor corintiano descoberto – e hoje contratado – do programa. Outro acerto foi a aposta em novos tipos feitos por veteranos da atração como Wellington Muniz, o Ceará, hilário como Gabi Herpes (sátira da jornalista Marília Gabriela aprovada pela própria).
- A gente é zueira. Ali cada um tem o seu jeito e todos são bons. O “Pânico” é meio reality. Tudo é meio imprevisível e sempre acaba mudando – observa Emílio, que recentemente viu o programa virar alvo de cobiça de outros canais.
O humorista revela que a Globo e o SBT acenaram com propostas. Mas o grupo achou melhor seguir na Rede TV!.
- A Globo é uma TV de produção e para um artista é muito difícil se dar mal lá. Mas o que o “Pânico”, que é feito em grupo, vai fazer ali? Eles nos ofereceram um horário da madrugada. O Silvio Santos também nos convidou. Mas, na verdade, ninguém está te oferecendo nenhuma oportunidade melhor. Todos querem te tirar de onde você está.Parte da atração há dois anos e meio, Evandro Santo, intérprete do debochado Christian Pior, também foi sondado para ir sozinho para a Record. Preferiu renovar com o “Pânico” por mais três anos.
- Você não pode trocar de emissora sem saber o que vai fazer na outra. E se te jogam num programa que você detesta? Não é só pela grana. Tem que levar em conta o tipo de trabalho, se vão te dar um plano de carreira – explica Santo.
O personagem feito por Evandro parece ganhar cada vez mais espaço na atração dominical.
- Dessa vez pegaram um gay que não é a piada e não serve de escada para um hetero. O Christian é da turma do fundão, ele também mete medo. Geralmente a bibinha não é a que fica zoando os outros – constata o humorista, de 35 anos.

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