'Bela' não tem graça. Mas dupla de 'Caras & bocas' tem

Tudo em “Bela, a feia”, parceria da da Record com a Televisa, indica que o público está vendo uma comédia. É assim que a emissora apresenta a sua novela, há sinais no figurino — que possui excessos intencionais e divertidos —, nas caracterizações, no cenário engraçado, e na direção de Edson Spinello, cheia de marcações que fazem as vezes de claque. Mas falta o fundamental: um texto com humor.

Não há inspiração e comédia na adaptação de Gisele Joras da trama original, “Betty, la fea”. Quando o assunto é drama, a coisa pode piorar. Uma sequência reunindo Luiza Tomé e André Segatti esta semana, teve um diálogo abaixo da crítica, com o ator repetindo sem parar a pergunta “por que o seu casamento acabou?”. O que mais se aproxima de algo divertido na produção da Record é a dupla Magdalena (Laila Zaïd) e Elvira (Bárbara Borges), mas por mérito exclusivo das atrizes, que têm um trabalho de qualidade e apresentam grande química.

Falando em boas duplas, Isabelle Drummond e Miguel Rômulo estão fazendo misérias em “Caras & bocas”. Bianca, a ex-patricinha que quer voltar a ser milionária, é só um exemplo do jogo de inversão de classes sociais que ocupa vários núcleos da novela de Walcyr Carrasco. Há outros, como Milena (Sheron Menezes), que ficou rica, e Nicholas (Sérgio Marone), que empobreceu. A brincadeira não chega a ser uma novidade nos folhetins, mas está bem conduzida e Isabelle é um daqueles casos de uma atriz com muita vocação e formada televisão. Miguel Rômulo, o servo gentil da patricinha, é o parceiro ideal para ela. Bianca e Felipe têm leveza, parecem dois tipos de desenho animado, ágeis, com timing perfeito.