Autores de "Paraíso" e "Caras & Bocas" falam das novelas!

Depois de algumas temporadas de luta contra o Ibope, uma boa maré de audiência chegou às tramas das seis e das sete da Globo, respectivamente "Paraíso" e "Caras & Bocas". As duas serão esticadas.
Com muito humor e várias histórias paralelas, "Caras & Bocas", que estreou no dia 13 de abril, está na marca dos 31 pontos e já teve picos de 35. Mas foi "Paraíso", que estreou em 16 de março, a que mais levantou o horário. A novela completa o quarto mês com média na Grande São Paulo de 27 pontos. A antecessora, "Negócio da China", despediu-se com média nacional de 23.
Para especialistas em telenovelas, os dois folhetins estão mesmo no caminho certo. "A sacada de humor em 'Caras & Bocas' certamente é o que está ganhando o público", avalia Laurindo Leal, professor da Escola de Comunicação e Artes da USP.
Já o "remake" de Edmara Barbosa da trama do pai, Benedito Ruy Barbosa, conquistou o público pelo amor proibido, pelo tema rural e pelo ritmo dos acontecimentos. A trama, aliás, começou mal no Ibope e chegou a dar 16 pontos. Benedito falou que era preciso mais tempo, e a novela emplacou. "Em 'Caras & Bocas', as tramas são rápidas, têm elementos positivos para o horário. 'Paraíso' é mais romântica. Garante seu charme nisso. É o bom e velho folhetim, que agrada ao telespectador", comenta Claudino Mayer, pesquisador de TV da USP.

Mais tempo no ar

Segundo Edmara Barbosa, sua trama terá mais 18 capítulos. "Pretendíamos fechar em 149, mas estenderemos para 167. Não terei dificuldades em colocar mais histórias para dar ritmo à novela", conta a novelista, que não deve, no entanto, incluir outros personagens na adaptação. Para o protagonista Eriberto Leão, que vive o peão Zeca, a novela está forte o suficiente para seguir por mais essas semanas. "As pessoas estão envolvidas com a história", diz.

A missão de Walcyr Carrasco, de "Caras & Bocas", é mais difícil. Programada inicialmente para acabar entre outubro e novembro, a novela seguirá até janeiro de 2010. "Eu sempre tive vontade de esticar porque são muitas tramas. Queria ter tempo para contá-las", conta o autor. Mas, mesmo com essa vontade, a ideia de ampliá-la o preocupa. "A gente sempre tem medo de cair na mesmice porque cada capítulo é um novo momento, mas, ao mesmo tempo, vem a emoção de criar", completa.

Na opinião de Nilson Xavier, autor do "Almanaque da Telenovela Brasileira", estender as histórias pode prejudicar as tramas. "Não acho uma boa estratégia esticar as novelas, mesmo que a audiência corresponda. Trama longa tende a ficar cansativa. O risco de prejudicar a história é grande", diz.
O ator Ary Fontoura, que vive o milionário Jacques - que retornou à trama das sete -, acha que o autor deve guardar novidades para o final. "O nosso espectador não espera tanto para descobrir os segredo, e isso faz criar novas tramas. O autor tem fôlego para isso", diz.

Novos personagens e fim diferente

Os autores já têm algumas estratégias na manga para o tempo a mais no ar. Para Walcyr Carrasco, de "Caras & Bocas", a solução será desenvolver melhor cada história e colocar mais personagens. "Novos personagens surgirão de acordo com as necessidades da trama, mas não planejei. Vou escrevendo conforme a minha intuição", conta Carrasco. Com isso, novos atores vão entrar em cena, mas o autor guarda segredo. "Isso eu não conto ainda", diz.
Além de prometer novas carinhas, Carrasco pretende resgatar histórias que foram importantes no início da trama. É o caso da de Jacques, personagem de Ary Fontoura. O milionário avô de Dafne (Flávia Alessandra) está de volta à trama e, com ele, devem vir à tona segredos. Será revelado, por exemplo, que Milena (Sheron Menezes) é sua filha.

Paraíso

Até "Paraíso", que é um "remake" da trama homônima de 1982, de Benedito Ruy Barbosa, guarda segredos para o final. A novelista Edmara Barbosa adianta que seu folhetim vai acabar de forma bem diferente do original. "Ainda não posso revelar o final de Antero [Mauro Mendonça] e Mariana [Cássia Kiss], mas é certo que ela vai enlouquecer com a volta de Santinha [Nathália Dill] do convento", conta. "Tenho recebido palpites do público. Acho engraçado que a novela ainda crie expectativas, mesmo já tendo ido ao ar. Por isso devo mudar um pouco no fechamento", explica.
Edmara ainda promete movimentar a rádio e apimentar histórias como a de Candinha (Cris Vianna) e Antero. "Vou colocar cenas um pouco mais fortes para esses dois, assim como para Eleutério [Reginaldo Faria] e Zefa [Soraya Ravenle], coisas que a época em que passou a primeira versão não permitia."