O cômico seu Garcia de Viver a Vida

Antes de “Viver a vida” começar, Manoel Carlos me contou que gosta de criar falas para personagens menores, que a princípio sequer chegariam a ter um nome. Com isso, algumas vezes, alguém da figuração cresce mais que o esperado: “invento uma teia de relações, um primo em Niterói, um cunhado etc e pronto, ele está na história”. Foi assim que ele respondeu a uma pergunta sobre o número — sempre alto — de personagens de suas novelas. Maneco separa o que a sinopse prevê daquilo que a ficção vai impondo no desenrolar do folhetim.
Garcia/Maradona, vivido pelo argentino Mario José Paz, é um exemplo. Radicado em Búzios há cerca de 30 anos e organizador do festival de cinema local, ele faria apenas uma aparição breve em “Viver a vida”, dando uma paquerada em Dora (Giovanna Antonelli) enquanto ela estivesse pedindo emprego. Mas foi uma daquelas surpresas: os dois se deram muito bem em cena e Manoel Carlos foi dando corda. A boa química é extensiva a Klara Castanho, a adorável Rafaela.
A coisa ganhou uma dimensão inesperada. Tem gente da equipe do Festival de Búzios assustada com o envolvimento de Mario com a novela. E se não der tempo de abraçar os dois afazeres? O telespectador, pelo menos, saiu ganhando. Garcia é um dos mais simpáticos personagens da novela, e uma prova de que a falta de pretensão vale muito.