--- DESEJO & REPARAÇÃO ---

Quinto Capítulo

Flávio (raivoso): Julieta!

Ela acordava aos pulos, enquanto se cobria com os lençóis, assustada. Assim como ela, Romeu também se encontrava em uma enrascada.

Julieta (surpresa): Pai?!

Flávio (gritando): O que você está fazendo com esse homem minha filha!

Julieta: Espere... Eu posso explicar...!

Flávio: Eu sei muito bem quem é ele! É o filho do meu rival... Romeu Andrade!

Romeu (colocando suas roupas): Senhor vamos com calma. Não me coloque na briga que você tem com meu pai...

Flávio: Mas o Cássio é mesmo um crápula! Envolvendo até o filho numa história dessas... É de baixo nível mesmo.

Julieta (angustiada): Pai... Escute.

Flávio (volta a gritar): Cala a boca! E você meu jovem, é melhor ir embora daqui agora!

Romeu: Está bem.

Flávio (aponta para a porta): Saia!

Igreja...

Naquela manhã, Neuza ia até a Igreja encontrar-se com padre João. Alegre, ela entrava no local.

Neuzinha (cantando): Iuhuullll... Padre João.

Padre João: Neuza! Ainda bem que você chegou! Quero que conheça uma velha amiga minha... (aproxima-se de Neuza falando entre os dentes) Essa mulher é rica, por isso trate ela bem.

Neuzinha (fala baixo): Está certo. (aperta a mão dela) Ora, prazer dona...

Padre João (fala entre os dentes): Marinalva.

Neuzinha: Marinelza...

Padre João: É Marinalva.

Neuzinha:... Quer dizer... Marinalva. Como vai?

Marinalva: Muito bem, obrigada. Padre João me contou muito sobre você. É cartomante?

Neuzinha: Sem querer me gabar... Das melhores. (pisca o olho) E você querida?

Marinalva: Sou dona de um clube muito famoso em São Paulo e vim lançá-lo aqui na minha terra natal. Não sei se conhece, mas é clube “Caminho das Árvores”.

Neuzinha (queixo caído): Sério? Eu já ouvi falar. Que xique! Qualquer dias desses por entrar no seu dinheiro... Quer dizer... Clube (sorri embaraçosamente)?

Marinalva: Claro. Não há problema. Bem... Agora preciso ir. Até mais.

Padre João: Volte sempre!

Neuzinha: Bye, bye.

Padre João: Da próxima vez, vê se não erra o nome dela!

Neuzinha: Desculpe. Mas no que ela pode nos ajudar? Tudo bem... Ela tem dinheiro... Mas não dá para colocarmos a mão nessa bunfunfa.

Padre João: Sabe a reformar na Igreja que você quis para colocar seu estabelecimento?

Neuzinha: Sei... Mas você disse que estava sem grana.

Padre João (mostra o bolão de dinheiro): Olha aqui ô.

Neuzinha (espantada): Oxente my god!

Mansão dos Amorim...

A briga entre Flávio e Julieta continuava.

Julieta (colocando suas roupas): Pai! Precisava fazer isso?!

Flávio: Você é que não devia ter se envolvido com ele!

Julieta: Mas por quê?! Você nem conhece ele!

Flávio: Mas conheço o pai dele! E sei que esse rapaz só se aproximou de você por interesse!

Julieta: Como pode falar uma coisa dessas dele?!Flávio (tenta tocar-lhe a face): Você é muito ingênua minha filha...

Julieta (afasta-se): E você muito ignorante! Ela descia as escadas da mansão e saia, fechando a porta furiosamente.

Flávio: Julieta! Espere! (desiste) Eu sei que ela volta... Ela vai voltar.

Restaurante...

Júlio estava sentado em uma das mesas do restaurante a espera de Cássio, que finalmente chegava.

Júlio (sério): Achei que não viesse mais! Já ia desistir.

Cássio: Eu sei que não iria... Se teve a coragem de ir até aqui, é porque está interessado.

Júlio: Espere aí! Eu não fiz nada demais! E nem sei o que você quer!

Cássio: Bem... Não vamos discutir isso. Vamos ao ponto. Como falei por telefone, eu sei da briga que você e o Flávio tiveram. E se bem conheço meu inimigo, ele vai ir te excluindo da corporação da ConstruMarket.

Júlio: Aonde você quer chegar com isso?

Cássio: Meu caro. Você só tem 15% como sócio da empresa. Acha mesmo que isso poderia mudar qualquer decisão que pretenda lhe prejudicar da parte dele?

Júlio: Não importa. Aquela empresa é tanto minha, quanto dele! Eu vou ficar na presidência um dia.

Cássio (ri): Um dia. Quando? Depois que ele morrer? Você é sócio. O vice-presidente é o Marcos Costa e dá para notar muito bem que o Flávio o prepara para substituí-lo. Sem contar que olhando hoje, não acho que a amizade de vocês dure. Pode chegar ao ponto de você ser chutado da empresa e eles comparem sua parte.

Júlio: Você disse que ia direto ao ponto. Está fazendo apenas rodeios.

Cássio: Está certo. A minha proposta é você aliar-se a mim. Não como sócio. Melhor... Como tão dono quanto eu da empresa “Andrade”. Eu assino qualquer papelada que você quiser, onde dê direto de 50% para ambos. Os lucros divididos... Tudo o que você tem direito! Agora... Você teria que dar o golpe da ConstruMarket. Não precisa deixá-la na falência. Além de que, sei que você não quer ver ninguém na miséria. Mas perder uma parte de dinheiro e até quem sabe... Vender seus 15% para mim. E então? Fechado?

Os dois se entreolham.

Mansão dos Amorim...

As horas passam e já era noite. Flávio ficava preocupado com sua filha, com medo de que algo acontecesse a ela. Por isso, decidiu pegar seu carro e dirigir pelo calçadão da Barra de Salvador, onde ela costumava caminhar perto do mar. Dirigindo e prestando atenção nas pessoas que estavam na calçada, ele via uma mulher parecida com Julieta e virava-se para reconhecê-la. Mas nisso, entrava em contramão na estrada, quando um ônibus buzinava. Flávio voltava ao controle do volante para desviar-se. Mas já era tarde demais...

FIM DO CAPÍTULO 5.

AUTOR: JULIANO NOVAIS.