Terceiro Capítulo
Enquanto Rita, estérica, batia na porta loucamente, Neuza se encostava à parede e colocava as mãos no rosto.
Neuzinha: Ô mulherzinha insuportável...
Festa da ConstruMarket...
Romeu: E aí? Tá a fim de dançar um pouco?
Julieta: Eu não sei... Não é você... É que hoje não é o meu dia...
Romeu: Mas é para isso mesmo! Esqueça suas preocupações...
Julieta (sorri): Está bem...
Os dois saiam do jardim do local e voltavam e entravam no meio da balada. Dançando descontraídos, rindo e conversando, chegava uma hora em que Romeu começava a acariciar sua face e a agarrá-la de maneira sutil e atraente. Os dois se entreolhavam e quando estavam prestes a se beijarem, eram interrompidos.
Cássio (objetivo): Romeu, vamos embora.
Romeu: O que houve pai?
Cássio: Sem discussões. Apenas venha embora.
Julieta: O que aconteceu?
Romeu: Também não sei. Acho melhor ir com ele mesmo. (afasta-se).
Julieta (puxa-o pelo braço): Espere! Eu vou te ver de novo?
Romeu: Tome esse meu cartão. Quando quiser dá uma ligada...
Cássio: Romeu!
Romeu: Até mais. Preciso ir...
Julieta: Até...
NO OUTRO DIA...
Bairro da Barra...
Era um dia ensolarado na cidade de Salvador. Neuza acordava cedo e saia de casa, andando pela vizinhança.
Neuzinha: Bom dia seu Miguel...
Miguel: Bom dia dona Neuza.
Ela andava distraída, quando se deparava com Rita. As duas rodeavam uma a outra, enquanto se olhavam fixamente.
Rita (irônica): Bom dia Neuza.
Neuza (ri sutilmente): Bom dia... “Ritinha”.
Elas levantam as cabeças sérias e dão as costas.
Neuzinha (fala entre os dentes): Bruxa!
Rita (fala entre os dentes): Piranha!
Neuzinha: Fofoqueira!
Rita: Raposa do Cabaré!
ConstruMarket...
Flávio apreciava a maquete do novo projeto de sua empresa, para um condomínio, quando Júlio e Marcos chegavam.
Flávio: Ora. Finalmente vocês chegaram. Marcos, você como vice-presidente e um ótimo arquiteto, pode me dizer o que acha dessa área...
Marcos (corta a fala dele): Não viemos falar disso.
Flávio (senta-se na mesa de vidro): Então... O que querem falar?
Júlio: Disso! (desliza a revista na mesa, até chegar a Flávio).
Marcos: Veja a capa da revista.
Júlio: Flávio... Eu te avisei que não era para ter feito aquilo! Essa foto sua segurando o Cássio pela camisa... E ainda por cima na capa da revista!
Flávio: O que tem demais?
Marcos: Flávio... Eles fizeram 3 páginas de comentário sobre a festa e ainda por cima, 2 delas, dedicadas ao escândalo.
Flávio (menospreza): Escândalo o quê! Essa foto aqui não significa nada.
Júlio: Essa foto... Manchou o nome da empresa. Além de deixar explícita a rivalidade com a construtora Andrade, você agiu de maneira brutal!
Flávio: Mas foi ele que me provocou!
Júlio: Não importa quem começou. Porque aqui, está parecendo que você o expulsou sem qualquer nenhum motivo. Sabe o quanto isso pode nos abalar?
Flávio: Eu acho que vocês estão fazendo tempestade em copo d’água. Nosso objetivo é construir prédio e vender para as pessoas. Quem está interessado nisso quando nosso propósito é a qualidade?
Júlio (tom mais alto): Mas não fomos manchados para sociedade compradora. E sim para as produtoras! É tudo marketing Flávio. Você sabe disso! Eu te avisei para não ter feito aquilo!
Flávio (gritando): E você quer mandar em mim agora?!
Júlio (gritando): Não! Mas sou seu sócio e tenho que lhe dizer o que é bom para a imagem da empresa!
Marcos: Opa... Vamos com calma.
Júlio: Fique tranqüilo Marcos. Porque minha conversa com esse aí, já acabou. Você espere para ver o que vai acontecer. Depois dessa... Qualquer projeto que você faça, aliança com oura empresa, se eles aceitarem claro, as colunas vão citar esse ocorrido. Você que pense que nada vai acontecer! (vai embora).
Mansão dos Amorim...
Julieta não parava de pensar em Romeu e ansiosa, decidiu ligar para ele.
Julieta (no celular): Alô? Romeu? Sou eu a Julieta...
Romeu: Sabia que eu estava pensando em você agora?
Julieta (alegre): Você... Pode vim para minha casa?
Romeu: Claro. Me passe o endereço.
Igreja...
Neuza entrava na igreja da vizinhança, quando ouvia as vozes do padre do estabelecimento.
Padre João (falando sozinho): Contas, contas, contas! Só tenho contas a pagar e nenhuma doação por parte desse povo mãe de vaca!
Neuza (tosse sutilmente): Com licença.
Padre João: Ah minha filha! Me perdoe, não ter te visto aí. Qual é o seu nome minha senhora?
Neuza: Neuza Caribé. Mas pode me chamar de Neuzinha.
Padre João (beija a mão dela): Um prazer minha querida. O que quer aqui nessa humilde igreja que cai aos pedaços?
Neuza: Fiquei sabendo que você está com sérios problemas para manter esse local... Seus fiéis são escassos e como você disse a pouco, mal tem doações. Mas eu acho que você devia fazer algo para atrair as pessoas para cá. Algo inovador que qualquer igreja já viu! Um tipo de coisa atraente que lhe forçassem a vir até aqui, seguidos pela curiosidade de resolverem seus problemas... E eu sei quem pode fazer isso por você.
Padre João (animado): Quem?! Quem?!
Neuzinha (sorri): Eu.
Padre João: Você? (cai na gargalhada) Me perdoe senhora.
Neuzinha: Por favor, me chame de senhorita.
Padre João (olha dos pés a cabeça aquela mulher de meia idade): Vai ser dificil viu dona? (ri).
Neuzinha: O senhor padre vai me ouvir ou vai querer ver navios?
Padre João (contendo o riso): Ok. Pode falar... O que você pode fazer por mim?
Neuzinha: Sou cartomante e falo com pessoas do Além. Para ser sincera não falo, mas eu sei como conseguir enganar as pessoas... Então se tiver interessado em ganhar muito dinheiro, eu posso abrir esse meu estabelecimento aqui, claro, após algumas reformas e aí digamos... Com os lucros, você fique com... (pensativa) 35%?
Padre João: 50%!
Neuza: 40%.
Padre João: 55%!
Neuza: 45%!
Padre João: 50%!
Neuza (séria): Fechado.
Mansão dos Amorim...
Romeu chegava a casa dela e batia na porta. Naquele instante, Julieta animada, descia as escadas e atendia a porta.
Romeu: Julieta...
Julieta: Eu queria tanto te ver... Eu sei que posso estar sendo exagerada, mas...
Romeu (corta a fala dela): Esqueça isso. Agora o tempo é só nosso.
Os dois se beijam apaixonadamente, enquanto subiam para o quarto dela. Lá, acontecia a primeira noite de amor dos dois.
FIM DO CAPÍTULO 3.
AUTOR: JULIANO NOVAIS.
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