ESPECIAL NAMORO: Dinheiro faz diferença?

Assuntos que envolvam dinheiro estão fora de cogitação no começo do namoro. Mas a falta ou o excesso dele pode prejudicar os planos do casal a longo prazo, ou de quem ainda está na fase inicial da paquera. Se um pode ir até o Caribe e o outro tem verba que rende apenas uma passagem de ônibus para o Litoral Paulista, vale a pena conversar e achar um meio termo, para que as cifras não estraguem a relação amorosa.

Depois que começam a sair, muitos casais notam o aumento nas despesas. São jantares, cinemas, bares, motel e nem todos estão com as carteiras recheadas para bancar tudo isso. Dividir a conta pode ser um bom começo, já que aquela história de que só o homem deve arcar com as despesas é coisa do passado e servia bem quando as meninas estavam longe de conquistar espaço no mercado de trabalho.

Por educação, quem convida deve se responsabilizar pela conta, mas uma conversa antecipada evita mal-entendido e um desfalque financeiro. No livro Casais Inteligentes Enriquecem Juntos, o autor, Gustavo Cerbasi, fala que um buquê de rosas pode encantar a namorada, mas comprometer a verba reservada para a programação do final de semana. Ele aconselha a buscar alternativas originais, como colher aquela única rosa cultivada durante meses no jardim e que pode encantar muito mais.

Para Cerbasi, o melhor caminho é combinar antes. Vão sair? Os dois estão com dinheiro? Vão rachar ou um paga desta vez e o outro na próxima? Proponham regras antes de receber a conta ou mesmo antes de sair. Se a sociedade ainda crê que o homem deve arcar com a despesa, é elegante que parta da mulher a proposta de dividir a conta ou de pagá-la agora e ele na próxima vez. Esse é o primeiro passo para que as conversas sobre dinheiro no relacionamento sejam sempre naturais.

Se a palavra é economizar, uma série de programas gratuitos e bacanas faz parte da vida cultural de muitas cidades. Busque um guia na Prefeitura e analise o que será oferecido no final de semana. Se querem fazer aquela viagem inesquecível, cortem as despesas extras durante um período programado. Isso só vai fortalecer ainda mais a relação.

Carla Andretta, de 23 anos, sabe bem como o dinheiro pode minar um namoro. Ela trabalha desde os 18 anos. A estudante de biologia conta que começou a namorar um garoto que ainda não tinha ingressado no mercado de trabalho e dependia dos pais. Por um tempo, a situação foi contornada, mas a falta de comprometimento dele, que se negava a trabalhar antes de concluir a faculdade, acabou contribuindo para o final da relação.

"Era difícil. Quando eu queria ir ao cinema e depois jantar em algum lugar, ele só tinha dinheiro para um dos programas. No começo eu até banquei algumas despesas. Mas depois ficou impossível. Eu não sou rica. Conseguia pagar o meu. Mas nem dividir eu podia. Acho que ele também não se esforçou e eu tinha vergonha de tocar no assunto. Chegava no sábado e o dia terminava com os dois na frente da televisão", disse Carla.

Ela acredita que as responsabilidades são dos dois. Não se importa em dividir a conta e nem acha que o homem deva pagar tudo sozinho. "Da mesma maneira como fiquei incomodada, acredito que os meninos também ficam, se tiverem de pagar tudo. Dividir é a palavra do momento, já que ninguém tem dinheiro para esbanjar", afirmou a estudante.

E a ala masculina apoia a divisão. André Teixeira, de 24 anos, técnico em informática, acha que a partilha não sobrecarrega ninguém. "Eu namoro há quatro anos e nunca tivemos problemas com dinheiro. Meu pagamento cai todo mês antes do dela. Me ofereço para pagar nesse período, que é compensado depois. Conseguimos economizar um bom dinheiro que poderá servir agora para os nossos planos futuros", contou André.