O autor Walcyr Carrasco conseguiu elevar o ibope do horário das 19h com sua ‘Caras & Bocas’. Devido ao fenômeno de audiência, a trama, que termina sexta-feira, foi esticada e teve duração de nove meses — as últimas três novelas ficaram sete meses no ar. ‘Quando a gente faz um sucesso, não importa o horário. É super-reconhecido’, diz Walcyr.
— Suas novelas dão ibope. Agora, você conseguiu alavancar a audiência das 19h. A que atribui esse sucesso?
Walcyr Carrasco — Ao conjunto harmonioso desse trabalho: direção, elenco, figurino, produção, texto, todos nós tivemos uma integração total. Acreditamos na novela, demos o sangue. Ninguém faz sucesso sozinho.
— Qual o ingrediente principal para uma trama do horário das 19h?
— Eu não gosto muito de teorizar sobre o assunto, porque a vida sempre é mais criativa que as teorias. Mas eu acho que novela das sete tem que ter humor e emoção.
— Foi difícil escrever para um macaco interpretar?
— No início tomei cuidado para sentir até onde dava para ir. Afinal, era um ator sem experiência em novelas. Mas o próprio Jorge Fernando foi me falando sobre as dificuldades, fizemos um trabalho em conjunto. A grande surpresa, porém, é que Xico (interpretado por Keith) superou todos os limites que tínhamos, com atitudes espontâneas. Foi magnífico.
— A Judith (Deborah Evelyn) pagará pelas suas maldades de forma trágica?
— O final da vilã não conto.
— Temia que a ideia de ter um macaco na trama pudesse dar errado?
— Temia por se tratar, afinal de contas, de um animal. Sempre soube que ele faria sucesso se tivesse uma boa participação. Mas o olhar de Xico, os risos, as atitudes que tomava na gravação sem nada combinado — nem poderíamos marcar — tornaram o personagem apaixonante.
— De todas as cenas de ‘Caras & Bocas’, qual foi a mais difícil de escrever? Por quê?
— Olha, essa novela fluiu de maneira tão harmoniosa que não tive nenhum sofrimento ao escrevê-la. As cenas mais difíceis foram as dos judeus, porque tínhamos que transportar uma forma de falar que é deles e que exigia o emprego de palavras em outro idioma. Também não quis correr o risco de ofendê-los. Só quis mostrar ao público a forma de pensar e agir dos judeus ortodoxos hassídicos. Tive um cuidado especial e carinho ao escrever para eles.
— Você vive conectado no Twitter. Em algum momento essa ferramenta da Internet o ajudou na novela?
— Sim, ao criar castigos para o Nick (Sérgio Marone). A ideia de botar o safado para limpar estábulos foi de uma twitteira!
— De onde você tira suas histórias para criar uma trama?
— De algum lugar misterioso dentro de mim mesmo.
— Humor é o carro-chefe dos seus textos?
— Não. Cada texto tem sua característica. ‘Alma Gêmea’, por exemplo, não foi uma novela de humor, embora tivesse núcleo cômico.
— No dia a dia, você interage com os personagens que cria?
— O tempo todo. São como pessoas que eu conheço. Converso com eles, sinto suas emoções!
— Quando o folhetim acaba, os personagens vão embora. Você já disse que teve depressão por isso. Depois de tantas novelas escritas, já conseguiu superar essa fase?
— Não, de jeito nenhum, nunca vou superar. Eu amo meus personagens, sinto falta deles. E vou ter saudades deles pra sempre.
— Quando há novela sua no ar, dorme a que horas?
— Escrevo de noite. Portanto, às 5h, 6h da manhã.
— Quando o autor recorre ao analista? Você faz terapia?
— Atualmente não. No passado fiz sim, muita terapia, mas por conta da minha vida pessoal. Novela, ao contrário dos problemas do cotidiano, me torna mais leve diante da vida.
— Tem vontade de escrever uma novela das oito?
— Não me preocupo com o horário em que a obra é exibida, prioritariamente, mas com a obra em si. Tenho uma ideia, vejo a cara dela. Algumas histórias são melhores para as seis, outras para as sete ou oito. O que importa é que a história expresse o que há dentro de mim, obedeça ao meu impulso de criação.
— Já apresentou algum projeto para o horário das 20h? Acha que o trabalho do autor só é reconhecido quando escreve novela do ‘horário nobre’?
— Não apresentei, não. Quando a gente faz um sucesso, não importa o horário, é super-reconhecido. Senti isso em ‘Alma Gêmea’ e agora, em ‘Caras & Bocas’.
— Como é o assédio do público? As pessoas o reconhecem? Você dá autógrafos?
— Sim, as pessoas me reconhecem bastante. Não dou muito autógrafo, as pessoas em geral vêm conversar, falar sobre a novela. E gostam de fazer fotos!
— Com o fim de ‘Caras & Bocas’, quais são os seus planos?
— Descansar, escrever um romance, ler muito, fazer muita ioga e depois pensar numa próxima novela, claro!
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