segunda-feira, 13 de abril de 2009

Novela torna-se mais atrativa com desunião dos protagonistas

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Glória Perez erra sempre sua mira ao escolher o casal de protagonistas de suas tramas. E muitas vezes parece ser proposital. Não precisava Caminho das Índias ficar no ar por três meses para prever que não convenceria ninguém a união de Maya (Juliana Paes) e Bahuan (Márcio Garcia. O jeitão de garoto de praia do ator jamais seria camuflado por um personagem mais denso e, principalmente, com feições indianas. Já Juliana não tem deixado a desejar com sua sonhadora Maya, que começa a revelar nuances interessantes numa personagem que poderia ser mais um papel sem matizes em sua carreira.

Tanto que a atriz tem conseguido dar uma guinada na hinduísta de olhos oblíquos após o casamento de Maya com Raj (Rodrigo Lombardi). Essa afinidade cênica infinitamente mais bem trabalhada entre os atores tem chamado a atenção nos grupos de discussão da novela na internet com os telespectadores. Assim que a emissora soube que o casal já havia uma boa aceitação do público e uma torcida para ficarem juntos, começou a conduzir a trama nessa direção, o que tem funcionado.

Nesse embalo, quem tem roubado todas as cenas com essa união é o sogro de Maya, Opash (Tony Ramos). Seria até lugar-comum ressaltar a extensão dramatúrgica do ator. Mas Tony ainda consegue explicitamente tirar coelhos da cartola até nas cenas mais simples, onde flui seus diálogos do puro drama para os indícios sutis da comédia.

No entanto, nem todos os personagens são tão bem acabados. Letícia Sabatella e Débora Bloch, por exemplo, parecem ter sido praguejadas com maus fluídos pelos deuses hindus ao receberem papéis tão maniqueístas. Yvone, de Letícia, não se altera nunca. Permanece num tom tão monocórdio quanto um mantra indiano. Já Débora mal parece saber o que fazer com sua chorona Silvia, que apesar de se mostrar uma mulher vivida e descolada, não é capaz de enxergar as obviedades embaixo de seu nariz. Algumas cenas parecem até debochar da inteligência do público.

Mas, para amenizar algumas pequenas iras com falhas na trama, a autora usa e abusa do seu caleidoscópio multicolorido como uma espécie de "pão e circo". Conta com a ajuda de uma riquíssima produção de arte, cenografia e figurino. Os cenários e apetrechos que se reciclam em véus e tons fortes até conseguem encobrir alguns pequenos deslizes que possam ser cometidos no texto. Ou na pouca maleabilidade cênica na construção de alguns personagens.

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