Sobre o ferimento na testa: a menina viajava atrás do pai, que dirigia, com Anna no banco a seu lado. Renata concluiu que foi Anna quem acertou a menina na testa, erguendo o braço esquerdo. Uma hipótese é que tenha usado a chave tetra do apartamento – compatível com o ferimento. Isabella também tinha lesões na parte interna da boca e nos lábios. Sinal de que alguém comprimiu sua boca com força. Concluiu-se que Alexandre fez isso para impedir que Isabella chorasse alto ou gritasse enquanto a levava, no colo, para o apartamento.
Em 29 de abril, Renata Pontes terminou o inquérito e pediu a prisão preventiva do casal. Alexandre e Anna estão presos, à espera de julgamento. O advogado do casal, Marco Pólo Levorin, acusa a polícia de ter “criado e imaginado” os fatos e de ter sido tendenciosa. Diz deduzir, de um laudo oficial, que Isabella não foi esganada e que a asfixia deveu-se à queda. Afirma existir outro laudo, segundo o qual Alexandre não poderia, sozinho, ter jogado a menina pela janela. “Os fatos não poderiam ter ocorrido como foram demonstrados”, afirma. Para ele, a perícia oficial só comprovou a existência de sangue humano em quatro peças de roupa, o que exclui o apartamento, o carro e a fralda lavada. As peças, diz Levorin, são a calça de Isabella, uma blusa feminina, uma bermuda e uma camiseta de manga longa, encontrada no apartamento vizinho. Para ele, a camiseta “é da terceira pessoa”, o autor do crime. Levorin diz que não foram investigadas “possíveis rotas de fuga” dessa terceira pessoa. Afirma ter provas de que uma casa, que dá para os fundos do prédio, foi arrombada na noite do crime. Diz ainda que a polícia não investigou funcionários e prestadores de serviço do prédio.
Com o fim do inquérito, a foto de Isabella saiu da mesa de trabalho de Renata – e foi para seu apartamento. “A foto era para me dar motivação. Para ter forças, ficar sem dormir e seguir investigando, eu pensava na mãe que não podia mais beijar sua filha”. Pediu à mãe da menina, Ana Carolina de Oliveira, fotos para colocar no inquérito. A professora Paula Cristiane de Aquino, da Escola Isaac Newton, onde Isabella estudava, levou cerca de cem fotos. Nesse dia, Renata, que é solteira, se emocionou. Colocou no inquérito 20 fotos de Isabella. A primeira é do dia do nascimento. A última, da menina morta.
O crime e a investigação
Isabella, de 5 anos, foi arremessada pela janela do apartamento do pai. Ele e a madrasta da menina são acusados de homicídio
29 MAR 2008
Isabella morre depois de ser jogada pela janela do apartamento do pai, no 6º andar, de um prédio em São Paulo
3 ABR 2008
Alexandre Nardoni, pai de Isabella, e a madrasta, Anna Carolina Jatobá, se entregam depois que a prisão deles é decretada
11 ABR 2008
Alexandre e Anna Carolina são libertados. A Justiça considera não haver motivos para manter a prisão temporária
18 ABR 2008
Depois de prestar depoimento, Alexandre e Anna Carolina são acusados formalmente pelo assassinato
20 ABR 2008
O pai e a madrasta de Isabella dão entrevista ao programa Fantástico. Ambos negam ter matado a menina
27 ABR 2008
Peritos fazem a “reprodução simulada” do crime no prédio onde Isabella foi assassinada. Os acusados não participam
30 ABR 2008
A polícia entrega à Justiça o inquérito sobre o crime. Ele conclui que Anna Carolina e Alexandre mataram Isabella
6 MAIO 2008
O Ministério Público denuncia os acusados pelo homicídio. Anna Carolina teria asfixiado Isabella. Alexandre a teria atirado pela janela
7 MAIO 2008
Anna Carolina e Alexandre voltam à prisão depois de o juiz Maurício Fossen acatar a denúncia do MP contra o casal
16 MAIO 2008
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) nega o pedido de liberdade provisória ao casal
26 MAIO 2008
Peritos contratados pela defesa de Alexandre e Anna Carolina alegam que os laudos produzidos pela polícia são falhos
27 MAIO 2008
A quinta turma do STJ nega, por unanimidade, novo pedido de habeas corpus para Anna Carolina e Alexandre
17 JUN 2008
Testemunhas de acusação prestam depoimento. O casal comparece à audiência com uniforme da cadeia e algemas
2 JUL 2008
Testemunhas de defesa começam a ser ouvidas no Fórum de Santana, na zona norte de São Paulo
5 AGO 2008
O Supremo Tribunal Federal mantém a prisão do pai e da madrasta de Isabella
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