terça-feira, 21 de outubro de 2008

PLANTÃO: Policiais dizem em inquérito que invasão só ocorreu após tiro



O Jornal Nacional teve acesso ao inquérito que apura o assassinato de Eloá Pimentel, de 15 anos, vítima do ex-namorado em Santo André (ABC). Quatro dos cinco policiais que invadiram o apartamento em que ela era mantida refém afirmaram em depoimento: “O que desencadeou a ação foi um tiro do seqüestrador”.

Quem atirou com a espingarda calibre 12 na direção do seqüestrador foi o sargento Mário Magalhães Neto. Ele e outros quatro policiais estavam desde a madrugada da sexta-feira (17) no apartamento ao lado do de Eloá.

Ao delegado, o sargento declarou: “Ficou combinado que, se houvesse algum disparo dentro do apartamento, a equipe entraria”. Eles usaram um explosivo do tipo cordel detonante na dobradiça da porta, mas a porta não caiu, pois havia uma mesa que servia como barricada. O sargento confirma ao delegado a posição das vitimas: Eloá estava no sofá, e Nayara, no chão. Lindemberg estava no corredor, entre a sala e o banheiro, de arma em punho, com o revólver calibre 32.

O sargento diz também no depoimento que atirou uma única vez contra ele, com munição de borracha, mas o tiro não foi certeiro. Lindemberg disparou várias vezes contra os policiais. Quando a munição acabou, ele jogou a arma e levantou as mãos para o alto.

O primeiro a entrar no apartamento foi o escudeiro da equipe, o soldado Daylson Moreira Pereira. Ele entrou empunhando o escudo para garantir a segurança dos colegas. O soldado disse que sentiu no escudo o impacto característico de tiros. Ele reforça no depoimento: o motivo principal da invasão ao apartamento foi um tiro disparado lá dentro.

O sargento Frederico Mastria, outro integrante da equipe, também disse que só entrou depois do disparo. O soldado Maurício Martins de Oliveira não cita nenhum tiro antes da invasão. A função dele, segundo disse ao delegado, era a de arrombar a porta, caso ela não abrisse. No depoimento, ele fala de tiros depois que a porta foi forçada e não caiu. Em seguida, o soldado disse que ouviu disparos que vinham do interior do apartamento.

O comando do grupo de invasão era do tenente Paulo Sérgio Schiavo. Ele declarou que foi o último a entrar e que foi ele quem tirou Nayara do apartamento. Segundo o tenente, por volta das 2h da madrugada de sexta-feira, Lindemberg disparou o revólver depois de ter se desentendido com o negociador, e que, por causa desse tiro, ficou acertado: se ele fizesse outro disparo, haveria a invasão. O tenente afirma: o motivo principal da invasão foi o disparo de Lindemberg, por volta das 18h.

Quando os PMs prestaram depoimento, o objetivo não era questionar a invasão, e sim determinar em que circunstâncias Eloá Pimentel foi assassinada. Para o delegado que apura o homicídio, não há dúvidas de que ela foi morta pelo ex-namorado, Lindemberg Alves. Como é comum nesses casos, as armas dos PMs também foram recolhidas para análise: são cinco pistolas, uma espingarda e uma metralhadora.

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