Diferentemente do que acontece nas histórias a que o público está
acostumado, o capítulo de estreia de “Máscaras” — novela de Lauro César
Muniz, dirigida por Ignácio Coqueiro na Record — foi centrado numa só
personagem. Com depressão pós-parto, Maria (Miriam Freeland) tentou
matar seu bebê. Na tentativa de se recuperar do trauma, passou um mês a
bordo de um navio para, nas primeiras cenas, voltar à fazenda onde vivia
com o marido e o filho. Lauro César, um autor experiente e com uma
lista de bons serviços prestados à televisão, conseguiu atribuir uma
dose de originalidade ao lançamento de sua trama. Originalidade é um
mérito, verdade. Mas em si não garante qualidade.
“Máscaras” tem inúmeros problemas que prejudicaram sua estreia. Só para citar alguns, a captação de som é sofrível. A edição, idem. Nas sequências em que Miriam surgiu apoiada na balaustrada do navio, o revezamento de planos e contraplanos deixou evidente que ela estava no estúdio. Foi tosco. Faltou ainda cuidado com os detalhes. Nas cenas da tempestade, na fazenda, os personagens passaram por um corredor cercado de cortinas voando graças a um vendaval. No minuto seguinte, do lado de fora da casa, viam-se as janelas todas fechadas.
Mas o pior foi a direção de atores. Miriam Freeland já mostrou, no teatro e na própria dramaturgia da Record, que é cheia de talento e possibilidades. Em “Máscaras”, entretanto, está perdida. Como uma moça bipolar, teve momentos em que parecia apenas uma iniciante esforçada imitando aquele clichê de moça louca. Os atores, no geral perdidos ou malconduzidos, tiveram sua missão dificultada por falas do tipo: “À noite, o mar é um convite para quem tem contas a acertar consigo mesmo” (Daniela Galli/Antônia). Ou ainda: “Estou louca?”, “Você tá louca?”, “Tô louca?” (Miriam). O paroxismo dessa situação se deu quando Luma (Karen Junqueira) e Antônia cantaram o hino da Marinha brasileira (“Qual cisne branco/em noite de lua”...). Com tudo isso, foi inevitável: o artificialismo reinou. Finalmente, como é costume na Record, houve uma generosa concessão à violência, com um bandido ameaçando atirar um bebê da janela de um caminhão-tanque em movimento.
“Máscaras” pode melhorar, afinal, na estreia, Paloma Duarte, uma das melhores profissionais da emissora, não apareceu. Mas ainda precisa de inúmeros acertos.
Patrícia Kogut
“Máscaras” tem inúmeros problemas que prejudicaram sua estreia. Só para citar alguns, a captação de som é sofrível. A edição, idem. Nas sequências em que Miriam surgiu apoiada na balaustrada do navio, o revezamento de planos e contraplanos deixou evidente que ela estava no estúdio. Foi tosco. Faltou ainda cuidado com os detalhes. Nas cenas da tempestade, na fazenda, os personagens passaram por um corredor cercado de cortinas voando graças a um vendaval. No minuto seguinte, do lado de fora da casa, viam-se as janelas todas fechadas.
Mas o pior foi a direção de atores. Miriam Freeland já mostrou, no teatro e na própria dramaturgia da Record, que é cheia de talento e possibilidades. Em “Máscaras”, entretanto, está perdida. Como uma moça bipolar, teve momentos em que parecia apenas uma iniciante esforçada imitando aquele clichê de moça louca. Os atores, no geral perdidos ou malconduzidos, tiveram sua missão dificultada por falas do tipo: “À noite, o mar é um convite para quem tem contas a acertar consigo mesmo” (Daniela Galli/Antônia). Ou ainda: “Estou louca?”, “Você tá louca?”, “Tô louca?” (Miriam). O paroxismo dessa situação se deu quando Luma (Karen Junqueira) e Antônia cantaram o hino da Marinha brasileira (“Qual cisne branco/em noite de lua”...). Com tudo isso, foi inevitável: o artificialismo reinou. Finalmente, como é costume na Record, houve uma generosa concessão à violência, com um bandido ameaçando atirar um bebê da janela de um caminhão-tanque em movimento.
“Máscaras” pode melhorar, afinal, na estreia, Paloma Duarte, uma das melhores profissionais da emissora, não apareceu. Mas ainda precisa de inúmeros acertos.
Patrícia Kogut
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