A parceria entre a direção e o autor de uma novela faz toda a diferença no resultado final. Digo isso porque venho acompanhando certas cenas de “Caminho das Índias” em que a sintonia entre os dois parece das mais finas.
No caso do texto de Glória Perez, o diretor precisa embarcar naquele não-realismo e ter uma pegada forte no drama. Isso talvez não esteja funcionando em todas as cenas da novela, mas há acertos que saltam aos olhos.
Glória cria sequências em que reúne muitos personagens num só ambiente, mas o foco dramático da cena vai se deslocando de um para outro. Exemplo: há uma reunião na Cadore. Num canto, Bahuan (Márcio Garcia) conversa com seu assistente. No outro, Raj (Rodrigo Lombardi) fala com Dario (Vítor Fasano). Eles estão na mesma sala, mas as conversas são mostradas alternadamente, dando a impressão de que uma dupla não ouve o diálogo da outra. Com isso, a tensão da narrativa aumenta para o telespectador. E duas ações paralelas acontecem como se um facho de luz fosse lançado num canto do palco de cada vez.
O mesmo ocorreu dia desses na casa de Opash (Tony Ramos), quando ele e Indira (Eliane Giardini) recebiam a visita da família de Camila (Ísis Valverde). É dramático, é artificial, e é perfeito ali. No caso da direção de atores, o grau de acerto é mais oscilante.
Ninguém diz oficialmente, mas a responsabilidade pelo fato de o Bahuan de Márcio Garcia não ter emplacado é, em grande parte, atribuída à direção, que teria tirado toda a força do galã nos primeiros capítulos da novela.
De qualquer forma, ninguém pode dizer que “Caminho das Índias” não tem o clima mágico que pretende. A atmosfera de exotismo, os romances principescos, está tudo lá. Por isso talvez, aquela buzinação ao fundo que dá um “toque realista” destoe um pouco. É ruído na viagem fantástica.
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