Estamos acostumados com o termo reality show, bastante comum no Brasil desde o lançamento de No Limite. São atrações que trazem a realidade as vezes ao extremo, como no caso programa citado.
Já as novelas geralmente são obras de ficção sem compromisso com o real, por isso, viajadas na maionese são perdoáveis. Contudo, existe um autor que sabe lidar com a realidade nua e crua. O cotidiano de seus folhetins são quase idênticos aos nossos.
Manoel Carlos sabe como ninguém fazer um diálogo bater lá no fundo de nossa alma e gritar "acorda!". No último capítulo de Mulheres Apaixonadas isso ficou visível especialmente quando Dóris, interpretada por Regiane Alves, finalmente leva uma bela surra de seu pai, interpretado pelo mestre Caruso, e, logo em seguida, ele a exibe para que todos vejam seu estado lastimável. "Essa é a minha filha, é o exemplo do erro dos pais na educação". Isso toca fundo, pois sabemos que hoje inexiste diálogos entre pais e filhos.
Também usou e abusou de "loucuras de amor". Um amor doentio como o de Heloísa ou o amor possessivo e agressivo de Marcos por Raquel, papéis que renderam os melhores personagens das carreiras de Giulia Gam, Dan Stulbach e Helena Ranaldi, especialmente no que trata a violência contra a mulher e a importância da denúncia.
O alcoolismo contou com o brilhantismo de interpretação de Vera Holtz, uma das melhores atrizes de nosso país e que, devido ao seu talento, coleciona papéis importantes e de destaque. Santana mostrou a dura realidade dos alcoólicos.
Por fim, a violência contra os idosos, nos centros urbanos - a polêmica da morte de Fernanda - e o homossexualismo tratado com respeito e não como uma caricatura.
Manoel Carlos tem um dom especial e esse dom é recompensado por seus telespectadores que fazem dele um dos poucos autores que não colecionaram fracassos. Suas telenovelas são sucesso na primeira exibição e merecidamente são as únicas capazes de reerguer a faixa horária da tarde. Dessa vez, Mulheres bateu inclusive a audiência da novela das sete, um tremendo feito.
Por isso, seria um prazer poder re-rever Felicidade, a novela em que aprendi a admirar seu trabalho e também o de Maitê Proença, além de outros nomes como Ariclê Perez e Humberto Magnani.
Maneco, és meu favorito. Te aguardo em setembro!
por Endrigo Annyston
www.cenaaberta.tv
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