João Emanuel Carneiro, autor de A Favorita, conta o processo produtivo da novela e afirma que se arrepende da morte da personagem de Juliana Paes. Em entrevista a ÉPOCA, ele revela que destino gostaria de dar a Maíra
Autor de A Favorita, João Emanuel Carneiro tem inovado na forma de fazer novelas. Escalou duas protagonistas mulheres, em vez do tradicional casal romântico, e inaugurou uma trama em que todo capítulo é importante ou revelador. Para ter este resultado, ele diz que planeja cada passo com antecedência. “Acompanho a audiência minuto a minuto, mas confio mais na minha sensibilidade”, afirma. O autor falou a ÉPOCA em sua casa, no Leblon, zona sul do Rio de Janeiro.
ÉPOCA – Quando nasceu a trama de A Favorita?
João Emanuel Carneiro – Depois que fiz minha primeira novela, Da Cor do Pecado (2004), fiquei pensando muito na idéia de subverter a figura da heroína e da vilã, criar uma dúvida entre as duas junto ao público. Mulheres ambivalentes. Com os anos, depois de Cobras & Lagartos (2006), fui inventando uma história em volta desta trama. Nasceram então Dodi, Irene, Gonçalo, Copola.
ÉPOCA – A história surgiu de algum fato real, de alguma observação sua?
João Emanuel – Acho que surgiu da dúvida que sempre temos sobre o caráter das pessoas. As pessoas são sempre muito ambivalentes. Já julguei mal as pessoas achando que eram interesseiras e depois percebi o contrário e vice-versa.
ÉPOCA – Alguma obra do cinema ou da literatura o inspirou para a novela?
João Emanuel – A série americana Dallas, de que eu gostava muito. Aquele rancho próximo da cidade, como em A Favorita, aquela família fechada em si, onde acontecem tantas histórias e tragédias, morando num rancho afastado. Como a família Fontini.
ÉPOCA – Você viu muita televisão na infância?
João Emanuel – Vi. Eu era um filho único muito solitário, que via televisão o tempo todo até uns 12, 13 anos. Via a programação inteira, das novelas aos filmes. Adorei Água Viva, Vale Tudo, A Próxima Vítima, Guerra dos Sexos, Anjo Mau. Mas nunca pensei em escrever novela. Aliás, até poucos anos eu não pensava nisso. Queria fazer roteiro e direção de cinema. Se alguém me dissesse que eu ia trabalhar na televisão, eu diria que essa pessoa estava louca. Então eu seguia com meus projetos de cinema.
ÉPOCA – E como você foi parar na televisão?
João Emanuel – Em 2000, a Globo estava fazendo a minissérie A Muralha, da Maria Adelaide Amaral. Daniel Filho tinha gostado de mim por causa de Central do Brasil e me levou para esta produção, que, segundo ele, estava precisando de um clima mais cinematográfico, épico. Fiz um contrato pequeno e entrei na TV. Mas em novelas colaborei apenas uma vez, em Desejos de Mulher. Pensei: “Vou sair da TV Globo. Não quero ser colaborador, quero contar as minhas próprias histórias”. Então, em 2003, mandei uma sinopse.
ÉPOCA – E foi logo aprovada?
João Emanuel – Eu não tinha muito relacionamento lá dentro, não conhecia autores, diretores, ninguém. Coincidiu com um momento em que a Globo estava atrás de novos autores. Soube que havia uma pilha de sinopses e que o Silvio de Abreu ia ler. No dia seguinte, ele viu o meu projeto no topo da pilha, levou e em duas semanas me ligaram dizendo que tinham aprovado. Um processo muito rápido.
João Emanuel Carneiro – Depois que fiz minha primeira novela, Da Cor do Pecado (2004), fiquei pensando muito na idéia de subverter a figura da heroína e da vilã, criar uma dúvida entre as duas junto ao público. Mulheres ambivalentes. Com os anos, depois de Cobras & Lagartos (2006), fui inventando uma história em volta desta trama. Nasceram então Dodi, Irene, Gonçalo, Copola.
ÉPOCA – A história surgiu de algum fato real, de alguma observação sua?
João Emanuel – Acho que surgiu da dúvida que sempre temos sobre o caráter das pessoas. As pessoas são sempre muito ambivalentes. Já julguei mal as pessoas achando que eram interesseiras e depois percebi o contrário e vice-versa.
ÉPOCA – Alguma obra do cinema ou da literatura o inspirou para a novela?
João Emanuel – A série americana Dallas, de que eu gostava muito. Aquele rancho próximo da cidade, como em A Favorita, aquela família fechada em si, onde acontecem tantas histórias e tragédias, morando num rancho afastado. Como a família Fontini.
ÉPOCA – Você viu muita televisão na infância?
João Emanuel – Vi. Eu era um filho único muito solitário, que via televisão o tempo todo até uns 12, 13 anos. Via a programação inteira, das novelas aos filmes. Adorei Água Viva, Vale Tudo, A Próxima Vítima, Guerra dos Sexos, Anjo Mau. Mas nunca pensei em escrever novela. Aliás, até poucos anos eu não pensava nisso. Queria fazer roteiro e direção de cinema. Se alguém me dissesse que eu ia trabalhar na televisão, eu diria que essa pessoa estava louca. Então eu seguia com meus projetos de cinema.
ÉPOCA – E como você foi parar na televisão?
João Emanuel – Em 2000, a Globo estava fazendo a minissérie A Muralha, da Maria Adelaide Amaral. Daniel Filho tinha gostado de mim por causa de Central do Brasil e me levou para esta produção, que, segundo ele, estava precisando de um clima mais cinematográfico, épico. Fiz um contrato pequeno e entrei na TV. Mas em novelas colaborei apenas uma vez, em Desejos de Mulher. Pensei: “Vou sair da TV Globo. Não quero ser colaborador, quero contar as minhas próprias histórias”. Então, em 2003, mandei uma sinopse.
ÉPOCA – E foi logo aprovada?
João Emanuel – Eu não tinha muito relacionamento lá dentro, não conhecia autores, diretores, ninguém. Coincidiu com um momento em que a Globo estava atrás de novos autores. Soube que havia uma pilha de sinopses e que o Silvio de Abreu ia ler. No dia seguinte, ele viu o meu projeto no topo da pilha, levou e em duas semanas me ligaram dizendo que tinham aprovado. Um processo muito rápido.
ÉPOCA – Qual a sua rotina escrevendo novela?
João Emanuel – Cobras & Lagartos foi uma novela mais leve, tinha mais comédia e mais participação dos colaboradores. No caso de A Favorita, eu centralizo mais. É uma novela mais estruturada e dramática. Faço escaletas (resumos) enormes, tenho controle absoluto. São quatro colaboradores que me ajudam muito, até porque é difícil atravessar um ano e meio sozinho. Mas nesta trama tudo tem muita conseqüência, tem que ser mais amarrado. Não há nada que seja dito que não tenha uma função. Faço uma escaleta que contempla quase tudo e, depois que eles fazem a parte deles, volta pra mim. É um trabalho cansativo. Mas eu preciso de um recuo sobre aquilo que faço. Eu venho do cinema, onde os roteiros são pensados, têm vários tratamentos. Quero tempo pra ler, pensar e talvez refazer. Sei que a televisão é o reino da pressa e do improviso. Mas tento encontrar maneiras de adaptar meu estilo a isso. Por exemplo, eu escrevo muitos capítulos antes de a novela ir ao ar. Não consigo fazer seis capítulos por semana como a maioria dos outros autores. Antes de A Favorita, que tem 200 capítulos, ir ao ar, eu preparei 60. Com esses 60 adiantados, pude fazer 4 ou 5 capítulos por semana. E aí tenho tempo pra refletir sobre o que eu fiz e poder mudar. Eu preciso pensar no que fiz.
ÉPOCA – Chega mesmo uma hora em que os personagens têm vida própria, andam sozinhos?
João Emanuel – Sim. O autor fica possuído por eles. Muitas vezes eu escrevo tudo, termino, e aí, tomando uísque de madrugada, vem à mente que algo estava errado. Eu penso: Halley jamais diria isso. Ou: Dodi não faria aquilo. Aí entra aquilo que falei, esse tempo de poder mudar, de ser o primeiro espectador do que eu faço.
ÉPOCA – E sua vida, onde fica?
João Emanuel – O autor de novela não tem vida. É um transtorno, trabalho excessivo de um ano, uma coisa insalubre. Uma tarefa de chinês aposentado, de minúcia, de paciência. Hoje eu acordo ao meio-dia, começo a escrever, e vou até duas da manhã. E, depois que acaba a novela, fica um vazio. O que fazer naquelas 14, 15 horas ocupadas, de domingo a domingo, durante tanto tempo?
ÉPOCA – E, quando tem tempo, você faz o que?
João Emanuel – Nos fins de semana, quando tenho algum intervalo, vou principalmente ao cinema e jantar fora.
ÉPOCA – Qual é o seu retorno sobre a novela?
João Emanuel – Cancelei assinatura de jornal e tento não ficar entrando na internet para ver o que estão falando. Mas como não tenho um rosto conhecido, muitas vezes ouço falarem da novela nas ruas, num restaurante. E os amigos também acabam me contando muita coisa. Me disseram que outro dia na rua uma menina fazia birra num shopping e a mãe disse a ela: olha que eu vou chamar a Flora! Ela virou o bicho-papão. Adoro que falem da novela e gosto também quando reclamam de alguma coisa. Eu não quero é passar em branco. O telespectador está acostumado a ver todas as novelas simplesmente por ver. Eu queria deixar as pessoas desconfortáveis. No começo reclamaram muito da Patrícia Pilar ser a vilã, porque ela não tem cara de vilã. Agora reclamam de Gonçalo ter morrido. Eu gosto que discutam a trama da novela e não alguma situação ligada à realidade. Não ponho temas polêmicos na novela pra trazer audiência. Quero que falem da minha história.
ÉPOCA – Flora é a maior vilã de todos os tempos?
João Emanuel – Talvez. Mas eu adoro Odete Roitman de Vale Tudo. O que choca na Flora é odiar a filha. Isso é um tabu. Sem falar que ela mente, rouba e mata. Mas eu me arrependo de uma morte: a da Maíra. Tive que matá-la porque Juliana Paes foi requisitada para a próxima novela das oito, Caminho das Índias, da Gloria Perez. Hoje penso que eu deveria ter feito uma brincadeira e mandado Maíra ir trabalhar na Índia. Seria muito mais divertido fazer essa brincadeira com o telespectador.
ÉPOCA – Dizem que você é um autor muito inovador. Você concorda?
João Emanuel – De certa forma, por escalar duas protagonistas mulheres de meia idade e também por ter voltado com os ganchos de comercial e do fim da novela. Também a reviravolta com menos de 70 capítulos foi algo novo. Isso tudo foi bem pensado, planejado, não é ao acaso. O fato de a trama estar sempre quente nasce justamente desse tempo que eu me dou para pensar e repensar o que faço.
ÉPOCA – Você também fugiu do casal romântico no centro da trama.
João Emanuel – Sim, e deu certo. Acho que não se pode ficar preso a uma fórmula. Uma boa história, bem contada, vai sempre ser bem recebida. Mesmo que a revelação de quem é o assassino aconteça no capítulo 60, e não no 150. O começo foi mesmo muito difícil. O primeiro capítulo teve a pior audiência de todos os tempos, por causa de um ataque da Record. Eles puseram a reestréia de Os Mutantes junto com a de A Favorita, no mesmo horário, e prometeram não ter intervalos, fizeram muito marketing em cima. Mas depois a audiência foi subindo aos poucos e se consolidou.
ÉPOCA – Você se sensibiliza com os pedidos do público? Todo mundo pedia que o Gonçalo não morresse.
João Emanuel – Eu acho que o autor tem que fazer o que tem vontade. E a audiência subiu, não é verdade? Eu acompanho a audiência minuto a minuto, por um programa no computador, que a emissora me dá. Mas confio mais na minha sensibilidade.
ÉPOCA – Família e amigos dão palpite o tempo todo?
João Emanuel – Direto. Uma noite eu vou a um aniversário, um jantar. Todos só falam comigo sobre a novela. Então é como se eu continuasse trabalhando, porque cada coisa que me dizem eu analiso. Sem falar que dão idéias. Curiosamente, minha mãe não é muito noveleira. Ela é editora de livros, vê A Favorita, mas não entra muito nesse universo.
ÉPOCA – De onde vem sua criatividade para contar histórias?
João Emanuel – Mais uma vez, da minha infância de filho único. Eu tinha dezenas de miniaturas de bonequinhos e havia um rei, o Rei da Bonecolândia. Todo 15 de novembro, eles colocavam minicédulas em miniurnas. Ele foi eleito umas dez vezes. Eleito rei! Uma monarquia democrática! Eram meus personagens os bonecos de chumbo, os Playmobil, eu tinha de tudo. Acho que vem daí minha vontade de contar histórias. É uma coisa escapista, coisa de gente solitária. Depois, na adolescência, escrevia histórias em quadrinhos. Aos 19, fiz um curta-metragem que ganhou um Kikito em Gramado. Aí eu conheci muita gente e comecei a fazer muitos roteiros. Até ir para a televisão.
ÉPOCA – Seu projeto é continuar fazendo novelas?
João Emanuel – Não sei. Neste momento não consigo pensar nada, só na hora em que A Favorita vai terminar. Não vejo a hora de chegar 17 de janeiro. Estou muito cansado. Escrever 200 capítulos é demais. Ainda mais se você quer fazer um trabalho autoral. Mas posso dizer que não tenho projeto algum. Vou viajar para Trancoso, na Bahia, e ficar olhando o mar.
FONTE: REVISTA ÉPOCA
João Emanuel – Cobras & Lagartos foi uma novela mais leve, tinha mais comédia e mais participação dos colaboradores. No caso de A Favorita, eu centralizo mais. É uma novela mais estruturada e dramática. Faço escaletas (resumos) enormes, tenho controle absoluto. São quatro colaboradores que me ajudam muito, até porque é difícil atravessar um ano e meio sozinho. Mas nesta trama tudo tem muita conseqüência, tem que ser mais amarrado. Não há nada que seja dito que não tenha uma função. Faço uma escaleta que contempla quase tudo e, depois que eles fazem a parte deles, volta pra mim. É um trabalho cansativo. Mas eu preciso de um recuo sobre aquilo que faço. Eu venho do cinema, onde os roteiros são pensados, têm vários tratamentos. Quero tempo pra ler, pensar e talvez refazer. Sei que a televisão é o reino da pressa e do improviso. Mas tento encontrar maneiras de adaptar meu estilo a isso. Por exemplo, eu escrevo muitos capítulos antes de a novela ir ao ar. Não consigo fazer seis capítulos por semana como a maioria dos outros autores. Antes de A Favorita, que tem 200 capítulos, ir ao ar, eu preparei 60. Com esses 60 adiantados, pude fazer 4 ou 5 capítulos por semana. E aí tenho tempo pra refletir sobre o que eu fiz e poder mudar. Eu preciso pensar no que fiz.
ÉPOCA – Chega mesmo uma hora em que os personagens têm vida própria, andam sozinhos?
João Emanuel – Sim. O autor fica possuído por eles. Muitas vezes eu escrevo tudo, termino, e aí, tomando uísque de madrugada, vem à mente que algo estava errado. Eu penso: Halley jamais diria isso. Ou: Dodi não faria aquilo. Aí entra aquilo que falei, esse tempo de poder mudar, de ser o primeiro espectador do que eu faço.
ÉPOCA – E sua vida, onde fica?
João Emanuel – O autor de novela não tem vida. É um transtorno, trabalho excessivo de um ano, uma coisa insalubre. Uma tarefa de chinês aposentado, de minúcia, de paciência. Hoje eu acordo ao meio-dia, começo a escrever, e vou até duas da manhã. E, depois que acaba a novela, fica um vazio. O que fazer naquelas 14, 15 horas ocupadas, de domingo a domingo, durante tanto tempo?
ÉPOCA – E, quando tem tempo, você faz o que?
João Emanuel – Nos fins de semana, quando tenho algum intervalo, vou principalmente ao cinema e jantar fora.
ÉPOCA – Qual é o seu retorno sobre a novela?
João Emanuel – Cancelei assinatura de jornal e tento não ficar entrando na internet para ver o que estão falando. Mas como não tenho um rosto conhecido, muitas vezes ouço falarem da novela nas ruas, num restaurante. E os amigos também acabam me contando muita coisa. Me disseram que outro dia na rua uma menina fazia birra num shopping e a mãe disse a ela: olha que eu vou chamar a Flora! Ela virou o bicho-papão. Adoro que falem da novela e gosto também quando reclamam de alguma coisa. Eu não quero é passar em branco. O telespectador está acostumado a ver todas as novelas simplesmente por ver. Eu queria deixar as pessoas desconfortáveis. No começo reclamaram muito da Patrícia Pilar ser a vilã, porque ela não tem cara de vilã. Agora reclamam de Gonçalo ter morrido. Eu gosto que discutam a trama da novela e não alguma situação ligada à realidade. Não ponho temas polêmicos na novela pra trazer audiência. Quero que falem da minha história.
ÉPOCA – Flora é a maior vilã de todos os tempos?
João Emanuel – Talvez. Mas eu adoro Odete Roitman de Vale Tudo. O que choca na Flora é odiar a filha. Isso é um tabu. Sem falar que ela mente, rouba e mata. Mas eu me arrependo de uma morte: a da Maíra. Tive que matá-la porque Juliana Paes foi requisitada para a próxima novela das oito, Caminho das Índias, da Gloria Perez. Hoje penso que eu deveria ter feito uma brincadeira e mandado Maíra ir trabalhar na Índia. Seria muito mais divertido fazer essa brincadeira com o telespectador.
ÉPOCA – Dizem que você é um autor muito inovador. Você concorda?
João Emanuel – De certa forma, por escalar duas protagonistas mulheres de meia idade e também por ter voltado com os ganchos de comercial e do fim da novela. Também a reviravolta com menos de 70 capítulos foi algo novo. Isso tudo foi bem pensado, planejado, não é ao acaso. O fato de a trama estar sempre quente nasce justamente desse tempo que eu me dou para pensar e repensar o que faço.
ÉPOCA – Você também fugiu do casal romântico no centro da trama.
João Emanuel – Sim, e deu certo. Acho que não se pode ficar preso a uma fórmula. Uma boa história, bem contada, vai sempre ser bem recebida. Mesmo que a revelação de quem é o assassino aconteça no capítulo 60, e não no 150. O começo foi mesmo muito difícil. O primeiro capítulo teve a pior audiência de todos os tempos, por causa de um ataque da Record. Eles puseram a reestréia de Os Mutantes junto com a de A Favorita, no mesmo horário, e prometeram não ter intervalos, fizeram muito marketing em cima. Mas depois a audiência foi subindo aos poucos e se consolidou.
ÉPOCA – Você se sensibiliza com os pedidos do público? Todo mundo pedia que o Gonçalo não morresse.
João Emanuel – Eu acho que o autor tem que fazer o que tem vontade. E a audiência subiu, não é verdade? Eu acompanho a audiência minuto a minuto, por um programa no computador, que a emissora me dá. Mas confio mais na minha sensibilidade.
ÉPOCA – Família e amigos dão palpite o tempo todo?
João Emanuel – Direto. Uma noite eu vou a um aniversário, um jantar. Todos só falam comigo sobre a novela. Então é como se eu continuasse trabalhando, porque cada coisa que me dizem eu analiso. Sem falar que dão idéias. Curiosamente, minha mãe não é muito noveleira. Ela é editora de livros, vê A Favorita, mas não entra muito nesse universo.
ÉPOCA – De onde vem sua criatividade para contar histórias?
João Emanuel – Mais uma vez, da minha infância de filho único. Eu tinha dezenas de miniaturas de bonequinhos e havia um rei, o Rei da Bonecolândia. Todo 15 de novembro, eles colocavam minicédulas em miniurnas. Ele foi eleito umas dez vezes. Eleito rei! Uma monarquia democrática! Eram meus personagens os bonecos de chumbo, os Playmobil, eu tinha de tudo. Acho que vem daí minha vontade de contar histórias. É uma coisa escapista, coisa de gente solitária. Depois, na adolescência, escrevia histórias em quadrinhos. Aos 19, fiz um curta-metragem que ganhou um Kikito em Gramado. Aí eu conheci muita gente e comecei a fazer muitos roteiros. Até ir para a televisão.
ÉPOCA – Seu projeto é continuar fazendo novelas?
João Emanuel – Não sei. Neste momento não consigo pensar nada, só na hora em que A Favorita vai terminar. Não vejo a hora de chegar 17 de janeiro. Estou muito cansado. Escrever 200 capítulos é demais. Ainda mais se você quer fazer um trabalho autoral. Mas posso dizer que não tenho projeto algum. Vou viajar para Trancoso, na Bahia, e ficar olhando o mar.
FONTE: REVISTA ÉPOCA
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