Para viver seu personagem no filme Entre Lençóis, que estréia dia 5 de dezembro, Reynaldo Gianecchini passou 12 dias andando seminu pelos corredores de um motel no Rio de Janeiro. Sacrifício necessário para viver seu personagem, diz Gianecchini. "Era complicado parar e colocar tapa-sexo, põe, tira... então eu fiz inteiro nu, mesmo". Entre Lençóis é uma mistura de Eu Sei Que Vou te Amar com 9 e 1/2 Semanas de Amor: duas pessoas comprometidas têm uma relação fortuita, passam a noite num motel e descobrem que se amam. O par de Gianecchini é a atriz Paola Oliveira – que também passou os 12 dias sem roupas. Nada suficiente para rolar um clima entre os dois. "É difícil ter clima na filmagem, tem um monte de gente, é picotado", diz o ator. Nesta entrevista Gianecchini nega os boatos de um affair entre ele e Paola Oliveira, diz que vai ficar um tempo longe da televisão, e relativiza a discussão em torno da nudez no filme: "A gente nasceu pelado mesmo. Não tem muito problema pagar um bumbum".
Reynaldo Gianecchini – Eu procuro não ter muita expectativa, para evitar frustrações. Não penso muito nisso. Posso dizer que o filme é legal. É como se alguém estivesse espiando pelo buraco da fechadura e pegasse o momento de intimidade entre duas pessoas que estão se entregando. É um filme que mexe muito comigo. Eu já assisti ao filme umas quatro vezes, desde o primeiro corte. Ele mexe com minha fantasia. Eu saio da sessão sempre com vontade de dar um beijo na boca de alguém. É uma delícia. Cinema é isso, arte é isso... tocar a pessoa de alguma forma.
Gianecchini – O erotismo nesse filme é completamente diferente daquele que existia na época da chanchada. Não tem nada a ver com a pornochanchada. O erotismo existe, é necessário. E, no filme, o nu está ligado ao romance, não é forçado. Conseguimos esse erotismo na medida certa, sem expor tanto a gente. Isso é importante para que o cinema brasileiro não fique só nessa coisa da pobreza, da violência, a estética social. Isso é muito marcante no Brasil, e é importante ser feito. Mas é legal que histórias simples, histórias de amor, também sejam contadas.
Gianecchini – Um pouco. Existem alguns planos no cinema, plano seguido de contraplano, que são da linguagem televisiva. O cinema, geralmente, tem outra linguagem com a câmera, revela as coisas de outra forma, mais artística. Mas é uma opção. Eu adoro planos cinematográficos incríveis, longos, uma obra de arte. Mas, no final das contas, cara, todo mundo está mesmo interessado é numa história bem contada. Uma história que comunica. Então é uma besteira ficar falando de influência da televisão no cinema nacional. Se o filme consegue se comunicar, é isso que vale. Eu adoro filmes artísticos, planos longos, tipo irmãos Cohen. Mas se o filme não comunicar, não adianta nada. Um filme que toda a crítica meteu o pau: Mamma Mia! Você sai do cinema querendo dançar, transformado. Eu, como ator, quero isso: conseguir transformar as pessoas. Então não dá pra falar mal de um filme assim.
Gianecchini – Foi engraçado. Porque era um set de filmagem atípico. Tinha todo o lance de um set de filmagem normal, gente indo pra lá e pra cá, luzes no quarto. Mas o motel estava funcionando normalmente – tudo mesmo. Então a toda hora éramos interrompidos por barulhos e festinhas de outros quartos (risos). Era um clima meio de alegria. Às vezes esquecíamos que era um set de filmagem, saíamos na varanda do motel, de frente para a praia, e algum pedestre olhava lá de baixo, do calçadão, apontava e ria. Era muito engraçado.
Gianecchini – Foi. Bom, nunca é confortável ficar nu na frente de dezenas de pessoas. Mas ao mesmo tempo, como ator, foi uma experiência interessante. O ator tem que trabalhar bem essa questão, não pode ter pudor. Meu pudor é sempre com o bom gosto. Até onde eu devo me expor para contar essa história? Até onde preciso mostrar? Neste filme foi tudo muito discutido, conversado. Rolou uma confiança grande, então a nudez não foi um problema. Quebramos o gelo do constrangimento causado pela nudez. Porque, afinal, a gente nasceu pelado mesmo. Não tem muito problema em pagar um bumbum.
Gianecchini – Numa ceninha ou outra, eu até usei. Mas era complicado parar e colocar tapa-sexo. Põe, tira, põe... então eu fiz inteiro nu mesmo.
Gianecchini – É difícil ter clima na filmagem. Tem um monte de gente, é picotado, os gestos e palavras são estudados e ensaiados. É quase uma coreografia. O cinema é feito muito desconectado. A cena que as pessoas vêem perfeitinha na tela demora horas para ser feita, é filmada várias vezes. Então todo aquele clima que as pessoas vêem na tela não aconteceu de verdade. O filme passa aquela sensação de erotismo, aquele clima constante entre os dois, mas as cenas são filmadas picotadas. Você grava, pára, filma outro plano, vem a maquiadora ajeitar seu cabelo... Não tem aquele clima de tesão.
Gianecchini – Ah... Isso não tem nada a ver. Somos colegas. Foi tudo profissional na filmagem. Não teve nada demais.
Gianecchini – Ai, Meu Deus... Olha, não falo da minha vida pessoal.
Gianecchini – Eu não sou tão radical quanto o Pedro. A nudez não é uma questão para mim. Comecei minha carreira no Teatro Oficina, em São Paulo, com o José Celso Martinez Côrrea. E o Zé Celso todo mundo sabe: é nu o tempo inteiro, nudez é a coisa mais natural do mundo. Saí do Oficina porque não me sentia à vontade, havia algumas cenas fortíssimas, masturbação... O nu só é agressivo quando ele afronta, quando é desnecessário, fora de contexto, apelativo. Já vi inúmeros trabalhos de nu que gostei muito, no teatro, no cinema. Em Entre Lençóis era impossível não ter nu: são duas pessoas descobrindo que se amam num quarto de motel! Então, não é nada agressivo, e muito menos desnecessário.
Gianecchini – O ruim é o filme virar isso. E no Brasil tem essa tendência, por isso que eu não quis o nu frontal. A genitália do fulano fica maior que o filme. O Entre Lençóis tem esse lado da nudez, mas mesmo que as pessoas venham ao cinema ver a minha bundinha, ou a bundinha da Paola, vão se deparar com uma história intrigante. Se os espectadores saírem levando alguma coisa, já estou satisfeito.
Gianecchini – Sem dúvida. Por causa dessa massificação, as pessoas vêm ao cinema com muito preconceito assistir filmes com atores de televisão. Você fica com uma imagem muito popular. A televisão atinge o povão, e é difícil para o espectador dissociar. Não dá para saber se ele vai embarcar, acompanhar o personagem e não o Gianecchini. Há esse preconceito, e eu entendo. Mas cabe a gente quebrar um pouco isso. Eu acredito no cinema e tento ser convincente, para as pessoas embarcarem na história.
Gianecchini – Quero ficar um pouco longe da televisão, sim. Fora que é muito cansativo também, é uma loucura ficar fazendo uma novela atrás da outra. Gostaria de produzir mais. Fazendo mais cinema, vi que me interesso mais pelo processo todo. Não dirigir, porque meu barato é ser ator. Mas curto discutir o roteiro, a estética, por exemplo. Mas isso é mais pra frente, por enquanto quero ficar assim mesmo. Gosto de ter um tempo pra mim, ler, ir ao cinema. Fazer minhas coisas.
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